A PRECE
*** “Que nossos corações
compreendam e aceitem a vontade de Deus, esta é a síntese”. Joanna de Ângelis***
No seu livro "o
profeta", Gibran Khalil Gibran fala da prece com grande propriedade:
"vós rezais nas vossas aflições e necessidades; se pudésseis rezar também
na plenitude de vossa alegria e nos dias de abundância...”.
Pois que é a oração senão a
expansão de vosso ser no éter vivente? E se vos dá conforto exalar vossas trevas
no espaço, maiores confortos sentirão quando exalardes a aurora de vosso
coração. “E se não podeis reter as lágrimas quando vossa alma vos chama para
orar, ela vos deveria esporear repetidamente, embora chorando, até que
aprendêsseis a orar com alegria.”
São considerações bastante
oportunas. Estamos acostumados a utilizar a prece apenas como um último e
desesperado recurso. Quando não se sabe mais o que fazer, a quem mais pedir socorro,
suplica-se ao Pai por auxílio. Mas será essa a única função da prece? Ligar o
homem a Deus em momentos de desesperança e de sofrimento? É claro que não.
Por meio da prece entramos em
sintonia com Deus e com os espíritos superiores que nos tutelam e acompanham na
jornada terrestre. Esse contato é uma forma eficiente de comunicação em
qualquer circunstância.
Pedir, apenas, é uma maneira
muito infantil de manter-se em contato com a espiritualidade superior. Agindo
assim, comportamo-nos como aquela criança que apenas se lembra dos pais quando
se fere e se encontra em dificuldades. Daí sai correndo, choramingando e pula,
entre soluços, no colo dos pais em busca de consolo e de solução fácil e rápida
para suas dores. Ainda somos crianças para Deus. Crianças que choram diante das
contrariedades e que tentam barganhar vantagens por meio da prece.
Pedimos ao Pai coisas absurdas e
que em nada contribuiriam efetivamente para nossa felicidade. Queremos que
nossas vidas sejam para sempre um mar de rosas, repletas de dias ensolarados e
de prazeres constantes e renovados. Muitos pensam em Deus e lembra-se de orar
apenas em momentos de sofrimento.
Quando o vento frio do sofrimento,
aliado à chuva da desdita toca nosso rosto de forma inclemente, aí então
buscamos o colo do Pai, orando humildemente. Até então, corríamos felizes e
despreocupados pelos vales floridos da vida, acreditando sermos capazes de
realizar tudo e qualquer coisa sozinha.
Quando tudo está bem, imaginamos
que a dor não nos tocará jamais. Por isso, displicentes não estabeleceram
contato com o Pai, pela prece. Esquecemos-vos de agradecer pelo bem que
usufruímos e pelas dádivas numerosas que nos são ofertadas diária e
constantemente. Crianças que se creem autossuficientes. Seres que ainda
precisarão da dor a tocar-lhes as fibras mais sutis da alma para se dar conta
de sua pequenez e de quanto, ainda e sempre, necessitarão do amor e da bondade
do Pai.
***
Faça da prece um meio de comunicação
constante com o criador. Não são necessários versos decorados, nem fórmulas
especiais para estabelecer esse contato. É preciso apenas a vontade sincera e a
concentração do pensamento no bem, para que a sintonia se realize. O Pai está
sempre em contato conosco, compete-nos perceber sua presença e permitir-nos
dividir com ele todos os nossos momentos.
Walter de Carvalho extraído da Equipe de Redação do Momento
Espírita, com base no livro O Profeta de Gibran Khalil Gibran, pp. 65-66,
editora Acigi.
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