FALANDO DE PONTES... Uma reflexão sobre a solidez da amizade
[virtual ou não]
Há pessoas nesta nossa vida que são especialistas em
destruir pontes. Não são afeitas à área de engenharia, nem tampouco estou me
referindo às pontes em ferro e concreto.
Falo das pontes afetivas que a duras penas construímos ao longo de nossa
jornada nestes caminhos da vida.
Construir uma ponte é trabalho grande, difícil, mas prazeroso. Começamos
a construção quando conhecemos alguém que nos toca o coração.
Passamos a dedicar a tal pessoa uma boa dose de nosso afeto,
de nossos cuidados, de nosso tempo e até um cantinho onde colocamos seu nome no
altar de nossas preocupações. Em nossas preces o nome dessa pessoa está
presente, junto ao de nossos filhos e demais entes queridos. Dia-a-dia vamos
adicionando mais um detalhe que ligará nosso coração ao coração daquela
pessoinha que está na outra ponta.
A cada nascer do sol procuramos solidificar a amizade, para
que seja duradoura e nos acompanhe além da morte, pois quando temos amigos que
realmente nos amam, não morremos, vivemos em suas lembranças e nas saudades que
sentem de nós.
Assim como há pessoas que procuram exercitar para que mais e
mais pontes sejam erguidas, há outras que, assim que ultrapassam as
dificuldades que faziam com que nos buscassem, ou não querem atravessar a ponte
ou dinamitam a ponte que construímos com tanto cuidado. E dão desculpas e mais
desculpas! São àqueles do " hoje não, mas amanhã...."!
Vão-se embora sem nem ao menos olhar para trás. Ficamos vendo
os restos de amizade,
companheirismo e carinhos despencando precipício abaixo e
nem sempre sabemos por que fomos descartadas.
Se bem que temos a impressão de que se foi por não sermos
mais necessárias, por não oferecermos mais nada que elas necessitem para seguir
seus rumos em direção a um lugar qualquer, determinado como objetivo de vida e
pelo qual lutam até à morte. Determinaram que nunca mais em suas vidas
precisassem de nós... Não somos mais necessários.. Somos descartáveis.
É assim que somos classificados agora. Ficamos do lado de cá
do que restou da ponte. Sentimos falta do complemento perdido como se ele fosse
visceral. Sabemos construir pontes, mantê-las firmes sob qualquer intempérie
que a mãe natureza resolva enviar, mas somos impotentes para lidar com a
natureza humana e sua gama interminável de falhas.
Ficamos contemplando aquela pessoa que se vai, pisando
firme, olhos duros, postos no horizonte. O que será que poderá encontrar lá que
justifique o abandono de que fomos vítimas? Será que o que lá existe não poderá
ser exibido para o amigo verdadeiro que foi vilmente afastado de sua vida?
Espera-se tanto e nada acontece! As pessoas pensam que os outros podem esperar
a vida inteira para que decidam o que querem de nós!
Vilania, sim é a prática da vilania sendo exercitada em toda
a sua (in)glória. Quando pobre, sofrido, calejado pelo infortúnio que
diuturnamente batia à sua porta, encontrou em nós abrigo em nossos corações,
cortesia, amizade e carinho... Mas agora... Agora nada temos a oferecer.
Nossos cuidados supriram suas necessidades e nossa força os
colocou de pé... De pé para nos voltar as costas e dinamitar a ponte. Que nos
resta fazer? Nada mais resta... De nada mais ele precisa, o fraco foi fortalecido,
basta-se a si mesmo. Só nos cabe permanecer olhando, com o coração confrangido,
até que ele desapareça numa das curvas do caminho.
Ficaremos um pouco de tempo sozinhos... Só um pouco, pois
afinal de contas somos gente de primeira grandeza e logo o Senhor providenciará
para que mais uma pessoa, urgentemente necessitada de nossos préstimos, nos
encontre em parte de sua jornada e teremos que construir mais uma ponte para
continuar o caminho. Isso ocorre com pais, companheiros (as), filhos, irmãos, e amigos, e mais comumente com
amigos. Amigos? Não só! CONSTRUTORES DE PONTES.... (Contextualizado de Giani)
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