A ASCENSÃO SUBLIME DE JESUS – O início


ASCENSÃO SUBLIME DE JESUS – O início

A lei mosaica ordenava que todos os homens que chegassem à idade da puberdade deveriam visitar o Templo de Jerusalém três vezes por ano: na Páscoa, no Pentecostes e na festa dos Tabernáculos (Ex. 23:14-17; 34:23 e Deut. 16:16), preceito que não incluía as mulheres. A ida de Jesus aos doze anos não era ainda obrigatória, de vez que só aos quinze o homem se tornava realmente .israelita. ou .filho do preceito. (bar misheváh).
A festa da Páscoa durava sete dias, finalizando com grande solenidade (Ex. 12:15 ss; Lev. 23:5 ss; e Deut. 16:1 ss). O menino, com doze anos e muita inteligência, não era vigiado. Assim, ao organizar-se o primeiro acampamento à noite, na viagem de regresso, José e Maria deram por falta dele. Não o acharam entre os parentes e amigos.
No dia seguinte regressaram a Jerusalém, observando outros grupos que saíam da cidade e não no encontraram durante todo aquele dia, nem mesmo na casa de conhecidos. No terceiro dia, resolveram ir ao Templo, e lá o descobriu sentado entre os doutores (ou melhor, entre os mestres. - didáskaloi).
As perguntas que lhes fazia, e as respostas que lhes dava, encheram os velhos mestres de admiração e estupor, em vista da sabedoria muito acima de sua idade, que ele revelava.
Os pais também ficaram atônitos, tanto pela cena que presenciavam, como pelo modo de agir com eles. Vem a frase de repreensão de Maria, que, falando a Jesus a respeito de José (única vez que isto acontece) lhe dá o título de .pai; teu pai e eu..
Jesus responde. São as primeiras palavras Suas que este Evangelho reporta.
A resposta é incisiva e esclarecedora: ele precisava estar no que era de Seu pai. Há três interpretações da expressão grega έν τοϊς τοΰ πατρός . 1.ª) no que é de meu Pai; 2.ª) na casa de meu Pai; 3.ª) nos negócios de meu Pai.
Ao regressar a Nazaré, Jesus estava sujeito a seus pais (obediência), desenvolvendo-se gradativamente na parte intelectual (sabedoria), na parte psíquica e emocional (maturidade) e na parte moral e espiritual (benevolência ou amor).

A anotação de Lucas (prescindindo das particularidades narradas por Mateus) ensina-nos que o Homem-Novo se recolhe à Galileia (jardim fechado.) consagrando-se ao Senhor. Nesse ambiente, o espírito, embora menino, cresce e se fortifica, enchendo-se de Sabedoria e aprofundando-se cada vez mais em seu coração, conquistando (tomando de assalto., Mat. 11:12) o Reino de Deus, e imergindo na benevolência divina que o envolve.
Ao completar doze anos de consagração íntima a Deus, e preparação pessoal, o menino vai pela vez primeira enfrentar o grande centro religioso.
Por que aos doze anos? O arcano 12 tem profundo significado: no plano superior simboliza os messias ou enviados; no plano humano exprime o holocausto, o sacrifício de si mesmo em benefício da coletividade. O sacrifício é sempre feito no plano da matéria (os 12 signos zodiacais), que é especializado para a experimentação e provação dos espíritos, único plano cm que estes recebem o impulso indispensável para a subida.
O evangelista anota que Jesus SUBIU para Jerusalém (que significa visão da paz.). Se é verdade que Jerusalém estava construída no alto de um monte, não o é menos que para ver-se a paz verdadeira é mister subir vibracionalmente ao plano do espírito.
Seus pais José e Maria (isto é, os que conseguiram o nascimento do menino, o intelecto e a intuição) são chamados aos seus afazeres, e DESCEM de Jerusalém para o mundo de lutas (plano adversário, ou diabólico). Repentinamente, dão por falta do Cristo, de quem perderam o contato. Aí começa ansiosa busca entre parentes e conhecidos (talvez voltando aos antigos hábitos de orações a santos e guias). Mas não no encontram.
São então forçados a voltar a Jerusalém, a reingressar na visão da paz, e só depois de algum tempo (três dias) de permanência nesse estado de meditação, é que o surpreendem novamente no Templo, ou seja, no local sagrado onde habita a Centelha Divina: o coração, templo de Deus, Tabernáculo do Espírito Santo.
O intelecto e a intuição alegram-se ao reencontrá-lo, e o recriminam por haver desaparecido. A resposta é exata: onde me encontraríeis, senão neste templo interior do coração, senão no que é de meu Pai.? Então, para que procurar? Já sabemos todos onde encontrá-lo.
Depois, mais firmes na fé, unidos mais do que nunca ao Cristo Interno, compreendem que deverão voltar ao mundo levando-o consigo, sem distrair-se
com parentes e conhecidos.. Lidando no mundo sem perder contato com Deus em nossos corações. E é isso o que faz a intuição, que tudo percebeu, e guardou tudo o que ocorreu em seu coração., em seu registro íntimo.
E no versículo final está resumida toda a ascensão sublime: Jesus progredia no tríplice aspecto: da individualidade (sabedoria), da personalidade (maturidade) e da divindade (benevolência = amor), não só em relação a Deus, como em relação aos homens. É o progresso que temos que perlustrar: avançar sempre, conquistando cada vez mais nos três campos.[Sabedoria do Evangelho]

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