A PÁSCOA – Visão
Espírita
A Páscoa dos
judeus, como anota João, era uma das festas que obrigava a todos os homens a
visitar o Templo de Jerusalém. Estamos no ano 29 da era cristã (782 de Roma). A
expressão subir a Jerusalém era a usual, porque realmente a Cidade Santa ficava
a 780 metros acima do Mediterrâneo.
Jerusalém
significa visão da paz. (se ligarmos a primeira parte IERU à raiz râ.âh, ver); ou a posse da paz. (se a ligarmos a yârash, possuir); este último nome poderia ter-lhe sido
aplicado por Salomão o pacífico. Mas a inscrição das tábuas de Tell el-Amarna e
as inscrições cuneiformes do Prisma de Taylor e do Cilindro C de Senaqueribe,
trazem IR-SA-LI-IM-MU, (1) assim como o siríaco traz (2) (’urishlem) e o árabe (3) (’urishalam). Neste caso, o primeiro elemento UR (em hebraico ’ir) significa cidade. Teríamos, então, cidade da
Paz.. As antigas moedas da época reproduzem Yerusalém, isto é, Yerusalaim. O grego transcreve ora .Iερουσαλήµ , ora .Iεροσόλυµα que
o latim verte por Jerusalém
ou Hierosolyma. O primitivo nome da cidade era JEBUS (cfr. Josué 15:8 e 18:16, 28;
Juízes, 19:10, 11, e 1 Crôn.11:4,5).
A primeira
referência à páscoa diz: pesah hu la-YHWH, que significa .a passagem de YHWH.. Em aramaico tomou a forma pashha, que o grego transliterou πασΧα e o latim pascha. Só era permitido comer pão ázimo, isto é, sem
fermento, donde ser a festa chamada festa dos ázimos.. E a comida era cozida
sem sal nem azeite. Imolava-se um cordeiro que devia ser todo comido pela
família, antes de terminar a festa. A Páscoa era celebrada no mês de Nisan, no 14.º dia.
“O ser
que recebeu a Luz precisa peregrinar, mas sem esquecer jamais os locais que lhe
tragam Paz. De vez em quando necessita subir vibracionalmente para não perder
contato durante a passagem do EU interno, a páscoa de YHWH..”
Os três
versículos de João dão-nos conta da impressão que o ensino de Jesus teve sobre
a multidão. Em vendo as curas inexplicáveis que praticava e ao ouvir as
palavras de sabedoria que de sua boca provinham, muitos do povo acreditaram nele. É a massa imatura, que
não tem a capacidade dos discípulos nem a obstinação incrédula das autoridades,
e deixa-se levar pelo entusiasmo dos fatos externos como o trigal que ondula
com a aragem.
A festa da
páscoa não se refere ao dia principal (pascha), mas à sua continuação (eorté). Durante esses dias, Jesus permaneceu em Jerusalém falando de público,
às ondas sucessivas dos peregrinos que chegavam, e agindo diante deles.
O povo admira-se
e acredita. Mas é a fé externa e fraca (como assinala João em 4:48, em 6:2 e em
6:14). Essa fé, baseada em coisas externas, sem o amadurecimento interno é
abalada por qualquer vento, esturricada por qualquer sol (cfr. a parábola do
semeador).
Bem o sabe
Jesus. Ninguém precisa adverti-lo disso. Ele vê o íntimo, lê os corações, sabe o
que está no homem. Não se ilude com os aplausos fáceis, com os elogios
corriqueiros, e por isso não confia neles, nem lhes revela o segredo do Reino,
que só pode ser desvelado aos maduros, àqueles cuja fé nasce de dentro para
fora. A pregação é feita de acordo com a necessidade e a capacidade dos
ouvintes.
Para
nós [espíritas] a lição é preciosa. Nada de acreditar em qualquer
recém-chegado, por mais entusiasmado que nos pareça e que se diga. Nada de
abrir-lhe nosso coração: não deis as coisas santas aos cães, nem lanceis vossas
pérolas aos porcos. (Mat. 7:6).
Na
interpretação profunda compreendemos bem porque muitos permanecem às portas do
templo. (profanos) sem nele conseguirem penetrar. Fundamentam sua fé em fatos.
São católicos porque testemunharam um milagre, ou confessam-se espíritas porque
assistiram a um fenômeno de materialização ou à manifestação extraordinária de
um espírito, mas não porque o coração os leve a isso. É uma aceitação
intelectual, por não conseguirem explicar certos fatos, mas nada lhes nasce do
âmago do ser. Imaturos ainda apegam-se a fatos externos. Mas basta uma
desilusão, provocada por uma imperfeição num sacerdote ou num médium, para abjurarem
sua fé e se tornarem descrentes ...
As
afirmações evangélicas pedem um exame nosso interno: seremos ainda profanos,
ofuscados pela exterioridade dos fenômenos?
Daí o
Espírito que habita em nós, nosso Eu Profundo, que nos conhece, não precisar de
nenhum testemunho de nosso intelecto, de nenhuma confissão de nossa
personalidade. Ele conhece o que existe no homem, e por isso aguarda
pacientemente de cada personalidade o momento azado. Por que certas criaturas
se sentem chamadas e respondem? Por que outras não se sentem chamadas pela Voz
Interior? O Espírito sabe que não adianta chamar as personalidades ainda
imaturas, surdas à Sua voz.
Daí a
desnecessidade do proselitismo. Lancemos a semente; quem tiver ouvidos de
ouvir, ouvirá. . Ninguém chegará nem antes nem depois da hora que lhe é própria:
O Espírito age onde quer. (Jo.3:8).[Extraído de Sabedoria do Evangelho]
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