O PAPEL DAS RELIGIÕES


O PAPEL DAS RELIGIÕES por Herculano Pires [Em Agonia das Religiões]

..., para que a Religião possa desempenhar livremente o seu papel fundamental na evolução humana, é necessário que a reintegremos na Cultura Geral, como uma de suas áreas mais importantes. Para livrar o Conhecimento da dispersão produzida pelas especializações cientificas, foi necessário criar-se a Filosofia da Ciência. Para livrar a Religião da pulverização sectária é indispensável libertá-la do formalismo dogmático, do profissionalismo religioso, do fanatismo igrejeiro. A agonia das religiões é determinada bela asfixia das estruturas antiquadas, do irracionalismo baseado no conceito do sobrenatural e da Revelação Divina. Os dois tipos de religião analisados por Bergson, o social e o individual, devem fundir-se na síntese da Religião do Homem, que ressalta historicamente das aspirações francesas e mereceu do poeta bengali Rabindranath Tagore um estudo lúcido e lírico. O Conhecimento é um todo, é global. Teoria e prática são verso e reverso de um mesmo processo. O humo sapiens e o humo faber são uma e a mesma coisa: o homem. As especializações são simples formas de divisão do trabalho, de acordo com as diferenciações de tendências individuais. Ciência e Técnica, Filosofia e Moral, Metafísica e Religião são apenas divisões metodológicas do campo do Saber, formas disciplinares do pensamento e da ação.
A Era da Comunicação de Massa, que segundo Mcluhan, fez da Terra uma aldeia global, estourou o mundo chinês do passado, de muralhas e mandarinatos. A dicotomia kantiana, que negou a impossibilidade do conhecimento extra-sensorial, foi superada pelas conquistas físicas e psicológicas de hoje. O sobrenatural mudou de nome, é apenas o natural desconhecido que a investigação científica vai rapidamente integrando no Conhecimento Global da realidade una. Temos de adaptar-nos às condições novas e às novas dimensões do homem e do mundo. As próprias igrejas estão abrindo as portas dos conventos, seminários e dos mosteiros para não morrerem asfixiadas, As Ciências rompem com o passado, a Filosofia se livra dos sistemas para enfrentar com desenvoltura a problemática do pensamento, vs  tabus são esmigalhados pelo homem novo, os mestres e gurus se fazem discípulos da única fonte real de sabedoria que é a Natureza. O sacerdócio é uma espécie em extinção. Os teólogos foram confundidos por Deus, que não quis entregar-se em suas mãos inábeis.  Se quisermos salvar a Religião, nesse maremoto das transformações que afligem os passadistas, façamos urgentemente a liquidação das religiões em agonia e mandemos os seus artigos de fé, seus ícones e suas medalhas para o Museu do Homem, como simples testemunhos de um tempo morto.
Tudo isso é aflitivo para os espíritos rotineiros e acomodatícios, como a mensagem cristã era escândalo para os judeus e espanto para gregos e romanos. Mas os espíritos flexíveis, corajosos, lúcidos, empenhados na busca da Verdade - essa relação direta do pensamento com o real - não se atemorizam antes se rejubilam com a libertação do homem. Esta é a verdade flagrante do momento que vivemos: o homem se liberta de seus temores, da ilusão de sua fragilidade existencial, do confinamento planetário, do embuste e da hipocrisia para viver a vida como ela é, na plenitude das suas potencialidades corporais e espirituais.
O homem se emancipa e toma consciência da sua “natureza cósmica”. Diante dele está o futuro sem limite, a imortalidade dinâmica e demonstrável que se opõe ao conceito limitado da imortalidade estática e hipotética. Sua herança não é o pecado nem a morte, mas a vida em nova dimensão.

PS: Imaginemos um monte de esqueletos transformados em pó, tomando o mesmo corpo que tinham há 2.000 anos. A Lógica e a Ciência não nos permite crer nisso. Mas, em Corpo Espiritual sim! E, Paulo de Tarso nos ensinou que temos um Corpo Espiritual e esse corpo é que ascende aos Céus! Ressurgindo dos mortos como o Corpo Espiritual de Jesus! Jesus que “matou a morte”. Cuidemos, pois de nossa alma, de nossas atitudes, como herdeiros de nós mesmos para quando chegar a nossa hora não nos lamente a nossa “ignorância” e insistência em mantermos os homens sob nosso domínio ameaçando-os de irem queimar no “mármore do inferno” por não obedecerem as suas “igrejas”.[Walter de Carvalho]

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