Equidade à Luz do Espiritismo
Por Walter de Carvalho
***A Justiça
praticada por Jesus não é revanchista, não é baseada em ódio ou vingança contra
o nosso próximo, é sempre em busca de solução pacífica de conflitos***
"Bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão consolados". Jesus (Mateus,
5:6).
O versículo acima é um dos mais importantes do Sermão
do Monte. Com efeito, uma das condições essenciais à vida do homem de bem é ter
"fome e sede de justiça".
Todo aquele que segue os ensinamentos de Jesus são
conclamados a buscar o Reino de Deus e a
sua justiça. Diz Jesus que o reino dos céus é um tesouro de valor incalculável
que deve ser buscado acima de tudo, e que é obtido quando renunciamos a tudo
que nos impede de ser parte dele.
O Reino de
Deus, que se encontra em nós, deve ser uma busca incessante em nossas vidas.
Não o encontraremos em nosso exterior, mas sim, simbolizado pelo nosso coração,
e se manifesta pela presença do espírito em nós. Com a ajuda dos Espíritos
Superiores, mentores, protetores e instrutores, cada um de nós deve procurar
obedecer aos mandamentos de Jesus, ter a sua justiça, e devemos, sobretudo,
demonstrar amor para com nossos semelhantes. Esse amor é a verdadeira justiça de
Deus.
A fome e a sede a que se refere Jesus é vista também
em Moisés (Êx 33.13,18), em Davi (Sl 42.1,2; 63.1,2) e no apóstolo Paulo (Fp
3.8-10). A fome e sede que o ser humano tem é, em essência, a fome e sede de
amor e de compreensão, a fome e sede da Palavra de Deus, a fome e sede da
comunhão com Jesus.
Jesus nos ensina que o verdadeiro alimento não é o
alimento do corpo físico, mas, o alimento da alma, o pão espiritual, a alegria
e conforto que proporcionamos para as
dores dos nossos irmãos, para os que choram, para os tristes, para os que
sofrem perseguições por causa da justiça. Ele nos afirma categoricamente que
todos os que sofrem logo mais receberão o quinhão do pão, da paz e da vitória.
Ele mesmo afirmou - "Eu sou o pão da vida" e acrescentou "neste
mundo haverá sempre perseguição por causa da Verdade". E mais tarde afirma
que "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida". Neste aspecto fica
evidenciado que neste mundo nada nos pertence. Tudo que temos devemos a Deus.
De que adianta nos alimentarmos de sentimentos de vaidade, orgulho e ambição,
se nada temos? Nós os filhos e filhas de Deus nos deixamos enganar pelas
riquezas materiais (Mc 4,19) e pelos prazeres do mundo (Lc 8.14).
O Homem buscando os prazeres gerados na insensatez,
ganhos desonestos, triunfos em
detrimento dos outros, acúmulo de tesouros obtidos com a miséria alheia,
desperdiçando e abusando de bens quando tantos estão na miséria, só poderia
ter, em sua vida os efeitos de prantos, angústias e solidão. E, então clama por
justiça, e mais das vezes acredita que Deus lhe seja injusto.
O Consolador Prometido, a extraordinária Doutrina dos
Espíritos nos ensina que a justiça consiste no respeito aos direitos dos outros
(LE, Cap. XI, Q.875 e 875a e Q. 876. Diz a Doutrina Espírita que existem duas
Leis. A Lei Humana e a Lei Natural. Sabemos que a Lei Natural está gravada em
nossa consciência. Esta é a lei a que se refere Jesus.
Certamente o direito definido pelos homens nem sempre
está conforme a justiça definida pela Lei Natural e ademais que definem apenas
algumas das relações sociais. Em nossa vida diária existem uma infinidade atos
e ações que, em última instância, dependem de nosso livre arbítrio e de nosso
estado consciencial. É o que os espíritos Superiores chamam de Tribunal da
Consciência. E nada como ter uma consciência tranquila e estar em paz com Deus
e Jesus.
Jesus é um Pacificador. Jesus sempre resolveu os
conflitos de interesses das pessoas de sua época com equidade, atuando de forma
pacífica, conciliatória, sem pré-julgamentos, ou julgamentos tendenciosos.
Jesus é o modelo de aplicação de verdadeira justiça. A equidade utilizada por
Jesus equilibrava os interesses de todos os envolvidos e se fundamentava na
boa-razão e ética, supria as imperfeições e modificava o rigor das leis dos
homens de sua época e de épocas vindouras, tornando-as mais benignas e humanas.
O Espírito de Verdade inspirando Kardec nos ensina que
o critério da verdadeira justiça é de fato o de querer para os outros aquilo
que se quer para si mesmo... não se quer o próprio mal... devemos sim, desejar
ao próximo o bem. Essa é a essência da religião cristã. O nosso direito pessoal
é o direito do próximo. Agir assim é agir de conformidade com Jesus. É agir com
equidade.
Sejamos, pois pacificadores como Jesus o é. Que nossas
decisões sejam as mais justas e equânimes e assim atingiremos a verdadeira
felicidade e encontraremos, em nós, o reino dos céus. Saciemos, pois, com
nossas ações e exemplos a fome e sede de justiça de nosso próximo,
encaminhando-o para Jesus, como guia e modelo para a humanidade.
Colaboração ao Jornal Correio Espírita -
http://correioespirita.org.com.br
-02/03/2009.
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