A mesma medida
Em uma conhecida passagem evangélica, Jesus afirma que cada
um será medido com a medida que aplicar aos outros. Tem-se aí um princípio de
justiça, já revelado no comando de amar ao próximo como a si mesmo. Pelo
mandamento do amor, surge o dever de tratar o semelhante como se gostaria de
ser tratado, se estivesse em seu lugar. A ideia básica é uma igualdade
essencial entre todos os homens.
Embora diferente pelas posições que ocupam na vida em
sociedade, nenhum possui essência apartada da dos demais. Evidentemente, há
criaturas mais adiantadas, cuja bondade e sabedoria causam admiração. Entretanto,
na origem e no fim todos se aproximam. Saídos da mais absoluta simplicidade
chegarão à plenitude das virtudes angélicas. Enquanto percorrem a longa jornada,
devem se auxiliar mutuamente. A lição cristã cinge-se basicamente à
fraternidade. É possível sofisticar o pensamento e encontrar nuanças preciosas
nos ensinamentos do Cristo. Mas é preciso cuidado para não esquecer o básico,
nessa busca de detalhes, por valiosos que sejam.
O essencial reside em aprender a olhar o próximo como semelhante,
um irmão de caminhada. Se ele se apresenta vicioso e de convívio pouco
atrativo, nem por isso deixa de ser uma preciosa criatura de Deus. Justamente
perante os equivocados do mundo, convém refletir sobre a igualdade da medida.
À parte os Espíritos puros, que já percorreram todos os
degraus da escala da evolução, os demais cometem erros. Mesmo homens bem
intencionados por vezes erram. Não se trata de uma tragédia, na medida em que a
vida propicia meios de reparar os estragos e seguir em frente.
Uma visão estreita da Divindade pode levar à concepção de
que Ela sempre está a postos para punir suas criaturas. Entretanto, não é
assim. As Leis Divinas encontram-se escritas na consciência de cada Espírito. Elas
visam à educação e à evolução dos seres, não a sua punição. O rebote do
desconforto que a violação da lei provoca destina-se a incentivar a retomada do
caminho correto.
É possível ignorar os protestos da própria consciência um tempo,
mas não indefinidamente. Sempre surge o momento em que ela fala alto e atrai as
experiências retificadoras do mal cometido.
Ocorre que o mesmo homem que encontra desculpas para seus
equívocos, por vezes, é severo crítico do semelhante. Ao assim agir, molda em
seu íntimo um juiz implacável. Quando chegar a sua hora de prestar contas dos
próprios atos à eterna justiça, as medidas desse juiz severo é que lhe serão
aplicadas. Ciente disso convém treinar um olhar indulgente para as falhas alheias.
Não se trata de tentar burlar a incidência da justiça
divina, sempre perfeita. Mas de não valorizar em excesso a sombra e a dor e de
compreender a falibilidade natural do ser humano. Pense nisso.
Walter de Carvalho com base em Redação do Momento Espírita. 16.04.2009.
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