CÉU E INFERNO
ÍNTIMOS
*** Sua
intimidade é um santuário do qual só você possui a chave. A decisão de abrir a
porta de teu coração só depende de você.***
Conta-se
que um dia um samurai, grande e forte, conhecido pela sua índole violenta, foi
procurar um sábio monge em busca de respostas para suas dúvidas.
-
Monge, disse o samurai com desejo sincero de aprender, ensina-me sobre o céu e
o inferno.
O
monge, de pequena estatura e muito franzino, olhou para o bravo guerreiro e,
simulando desprezo, lhe disse:
-
Eu não poderia ensinar-lhe coisa alguma, você está imundo. Seu mau cheiro é
insuportável.
-
Ademais, a lâmina da sua espada está enferrujada. Você é uma vergonha para a
sua classe.
O
samurai ficou enfurecido. O sangue lhe subiu ao rosto e ele não conseguiu dizer
nenhuma palavra, tamanha era sua raiva. Empunhou a espada, ergueu-a sobre a
cabeça e se preparou para decapitar o monge.
-
“Aí começa o inferno”, disse-lhe o
sábio mansamente.
O
samurai ficou imóvel. A sabedoria daquele pequeno homem o impressionara.
Afinal, arriscou a própria vida para lhe ensinar sobre o inferno. O bravo
guerreiro abaixou lentamente a espada e agradeceu ao monge pelo valioso
ensinamento. O velho sábio continuou em silencio. Passado algum tempo o
samurai, já com a intimidade pacificada, pediu humildemente ao monge que lhe
perdoasse o gesto infeliz. Percebendo
que seu pedido era sincero, o monge lhe falou:
-
“Aí começa o céu”.
Para
nós, resta a importante lição sobre o céu e o inferno que podemos construir na
própria intimidade. Tanto o céu quanto o inferno, são estados de alma que nós
próprios elegemos no nosso dia-a-dia. A cada instante somos convidados a tomar
decisões que definirão o início do céu ou o começo do inferno. É
como se todos fôssemos portadores de uma caixa invisível, onde houvesse
ferramentas e materiais de primeiros socorros. Diante de uma situação
inesperada, podemos abri-la e lançar mão de qualquer objeto do seu interior.
Assim,
quando alguém nos ofende, podemos erguer o martelo da ira ou usar o bálsamo da
tolerância. Visitados pela calúnia, podemos usar o machado do revide ou a gaze
da autoconfiança. Quando injúria bater em nossa porta, podemos usar o aguilhão
da vingança ou o óleo do perdão. Diante da enfermidade inesperada, podemos
lançar mão do ácido dissolvente da revolta ou empunhar o escudo da confiança. Ante
a partida de um ente caro, nos braços da morte inevitável, podemos optar pelo
punhal do desespero ou pela chave da resignação. Enfim, surpreendidos pelas
mais diversas e infelizes situações, poderemos sempre optar por abrir abismos
de incompreensão ou estender a ponte do diálogo que nos possibilite uma solução
feliz. A decisão depende sempre de nós mesmos. Somente
da nossa vontade dependerá o nosso estado íntimo. Portanto, criar céus ou
infernos portas à dentro da nossa alma, é algo que ninguém poderá fazer por
nós. Pense
nisso!
Sua
vontade é soberana. Sua intimidade é um santuário do qual só você possui a
chave. Preservá-la
das investidas das sombras e abri-la para que o sol possa iluminá-la só depende
de você. Pense
nisso!
Walter de Carvalho com base em conto popular de texto da Equipe
de Redação do Momento Espírita,
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