ORAÇÃO PARA
QUEM ESTÁ ENVELHECENDO
“Em Palestra proferida por mim [Walter de Carvalho] na antiga FEERJ em
09/07/2003, às 12h sobre o LE – Q.379 a 385 – sendo o tema principal A INFÂNCIA, encerrei fazendo esta
oração.” Vale a pena refletir:
Senhor, tu sabes que estou envelhecendo.
Ajuda-me a pensar que não sou uma peça imprestável,
no movimento da vida.
Reconheço que não tenho mais as mesmas capacidades
físicas, que me animaram a juventude, nem os mesmos reflexos e disposição.
Contudo, auxilia-me a não desanimar, e muito menos pedir aposentadoria indevida
das lides do mundo.
Não me deixes emurchecer, como flor queimada pelo
sol.
Não permitas que eu tenha a idéia fixa de falar de
mim o tempo todo.
Impede-me de repetir detalhes infindáveis. Dá-me
rapidez para que eu seja objetivo.
Fecha a minha boca quando eu estiver propenso a
falar de minhas dores e de meus sofrimentos. Eles estão aumentando com o passar
dos anos, e meu desejo de falar deles aumenta a cada dia.
Ensina-me a dialogar, sem me fazer excessivamente
falador, a fim de não causar indisposição nos demais.
Não me permitas conceber limitações desnecessárias.
Coloca as minhas mãos no trabalho a fim de que eu elabore ainda criações no
campo da música, da pintura, da jardinagem, da cerâmica.
Ensina-me a melhor ocupação para o tempo que
disponho. Um tempo que, desde os dias da juventude, reclamava não ter.
Permita que eu me levante a cada dia disposto a
aprender alguma coisa mais.
Pode ser uma forma diferente de usar o pincel, uma
breve poesia, um ensinamento, uma receita surpreendente.
Desejo ser jovial sem parecer tolo e imprudente.
Torna-me solícito, mas não abelhudo. Prestativo, mas
não dominador.
Desejo ser um avô que possa contribuir com a
educação dos meus netos e não os deseducar, com a única finalidade de que
apreciem sair comigo, nas tardes de primavera.
Ensina-me, ainda, a gloriosa lição de que, às vezes,
posso estar errado.
Aprendi muito, guardo experiências preciosas, mas
não tenho o direito de desprezar os avanços da modernidade e da ciência.
Depois de ter adquirido uma enorme bagagem de
sabedoria e experiência, parece uma pena eu não poder usá-la totalmente, sem
criar embaraços aos demais.
Se a dependência física se tornar necessária,
ajuda-me Deus, a ter paciência comigo mesmo, suportando o corpo que tanto me
serviu até aqui.
Com ele eu dancei, cantei, viajei, vivi doçuras,
momentos bons e maus.
Auxilia-me a continuar a amá-lo.
Tu sabes que precisarei não ser inconveniente, a fim
de não incomodar tanto aos demais. Por isso, te peço que me ensines a pensar
duas vezes, antes de reclamar, insistir e exigir o que quer que seja, a quem
tenha que cuidar de mim.
Se eu tiver que experimentar a viuvez, dá-me tua
mão, quando a da minha esposa já não estiver por perto. Afinal, Senhor, foram
tantos anos em que despertei ao toque suave do carinho dela.
Não me permitas secar a fonte das lágrimas.
Precisarei delas, com certeza, nas horas de tristeza, para desafogar o coração
cansado.
Entretanto, não me deixes tornar um ser melancólico
e chorão. Permite-me gozar do calor do sol e da bênção da chuva, com o mesmo
entusiasmo de sempre.
E, finalmente, Senhor, o meu desejo final é ter
sempre alguns amigos. Esses seres abençoados que, no mar imenso da vida, qual
jangada preciosa, remaram firmemente ao meu lado.
Muitos deles poderão partir antes de mim, mas
permite que alguns permaneçam a fim de que nunca desapareça de vista a
expectativa das suas presenças.
Enfim, “Senhor, torna-me um ancião nobre, que
demonstre a sabedoria do envelhecimento digno”.
***
A vida é
constituída de muitas fases. Aprenda a viver cada uma delas, com todo o entusiasmo porque a infância, a adolescência, a juventude, a
madureza e a velhice têm cada qual o seu encanto particular. Não se permita
viver sem descobri-lo para jamais se sentir infeliz por passar de uma fase para
outra. O segredo da felicidade é viver cada dia em plenitude.
Uma oração para quem está envelhecendo, do livro
Histórias para o coração da mulher, organizada por Alice Gray, ed. United Press
e cap. 2 do livro Vereda Familiar, do Espírito Thereza de Brito, psicografado
por Raul Teixeira, ed. Fráter.
Comentários
Lendo esta oração,as minhas convicções se afloraram ainda mais.
Nos dias de hoje é uma dádiva envelhecer... mais envelhecer vivendo, sem o fantasma do MEDO.
Pois há pessoas que envelhecem por medo de tentar, medo de ser feliz, medo de receber um NÃO...MEDO DE AMAR. Pois amigos, leio muito, penso e nesses dias decidi ser feliz... com quem realmente amo. Mesmo que seja, uma felicidade para aquele momento,pois existem compromissos que arcamos e infelizmente não se pode voltar atras. Quero envelhecer e partir com sorriso em meus lábios e tendo a certeza que fiz amigos,trabalhei, criei meus filhos e tentei ser, pelo menos um pouco, fiel a palavra de Deus. E ao chegar o momento de estar na casa do PAI eu também ter a certeza VI MEU GRANDE AMOR ... MAIS UMA VEZ...
Me despeço e espero ter lançado a semente para que todos possam refletir... pois dormimos e não sabemos se abriremos nossos olhos novamente para a luz terrena.
Muita Paz
M.MGDL