ENTENDENDO O ESPIRITISMO por
Walter de Carvalho
(DETURPAÇÕES- ESCLARECIMENTOS)
Seria o Espiritismo uma religião?
Na opinião de pesquisadores, neles incluindo a minha própria interpretação
depois de mais de meio século de estudos e pesquisas, sem olvidar o Teólogo e
Filosofo José Herculano Pires, o docente Carlos Juliano Torres Pastorino e o educador
e pesquisador de física-ectoplasmia, Carlos de Brito Imbassahy, os diversos
cientistas como Emmanuel Swedenborg cientista, filósofo e teólogo de
Estocolmo-Suíça, Alexander Aksakof pesquisador do psiquismo de São
Petersburgo-Rússia, William Crookes descobridor do quarto estado da matéria, o
radiante, da Inglaterra, Césare Lombroso, celebre criminologista e professor de
Psiquiatria e Antropologia animal, pesquisador de materializações, levitações e
movimentação de objetos, Sir Oliver Joseph Lodge, professor de Filosofia
natural, catedrático de Física , reitor da universidade de Birmingham e
presidente da Associação Britânica de Matemática e Física, Doutor em Ciências
por sete Universidades, Sir Arthur Conan Doyle,
médico, pesquisador, novelista e historiador, pesquisador de efeitos
físicos, Ernesto Bozzano, pesquisador italiano dos fenômenos espíritas e autor de diversos livros um deles “Dos
fenômenos premonitórios” e “A primeira manifestação de voz direta na Itália”, o
astrônomo Camille Flamarion, Gabriel Delanne estudioso dos fenômenos espíritas
e tantos outros, NÃO!
Entretanto, existe uma parte
religiosa contida logo no capítulo I do Livro dos Espíritos, na qual Allan
Kardec pergunta “O que é Deus” e não “Quem é Deus” como as religiões tratam-No
como um ser igual ao homem ou que o homem teria sido criado a Sua imagem. Para
alguns um “velhinho de barbas brancas” e com um cajado e não como uma força
extraordinária, o incriado, uma energia suprema criadora de todas as coisas,
todos os mundos e todos os seres animados e inanimados, criador da humanidade
que povoa todas as constelações conhecidas e desconhecidas por nós.
É verdade que a religião faz parte da necessidade
que a humanidade tem em acreditar num ser Superior e de ter na religião um
instrumento de disciplina de seus atos no convívio social. Razão porque durante
muitos séculos a Ética e a Moral
sempre foram estudadas e utilizadas dentro do aspecto teológico. Até Estados
teológicos ainda temos hoje. Isso durante milhares de anos. Com efeito, como já
tive oportunidade de escrever antes, a religião
possui sacerdotes, mitos, cultos e dogmas. O Espiritismo não tem nada
disso. Contudo, como Virgílio definiu a religião (em latim: religio, onis) como
sendo o estudo dos deuses e de suas obras, seu culto e ritual, em sua homenagem,
sem dúvida, temos a primeira parte desse conceito. Religião também se define
como um “religare” – ligação do homem com um ser Superior. Já o Espiritismo é
uma doutrina, como define Kardec no seu livro "O Que é o
Espiritismo".
É lamentável que tenhamos uma
verdadeira infestação de “colaboradores” com a Codificação que em vez de
evoluírem, enquanto Doutrina e Ciência é deturpada ao gosto da casa ou mais
diretamente das Casas Espíritas. O que
ocorre é que o espiritismo é olhado pela parte mediúnica, sua transcomunicação,
através de mensagens do Além por gravadores, pelo Spiricon e mais recentemente
pelo Telecom, sem contar com as psicofonias, psicografias, efeitos físicos de
materialização e por ai vai. A Federação Espírita Brasileira-FEB, com o
roustaingismo, foi e ainda é um entrave ao progresso doutrinário em nosso país,
dando-lhe um cunho evangelista que não condiz com a obra de Kardec. A guisa de
esclarecimento, Roustaing foi um advogado que escreveu os 4 Evangelhos para
contrapor a Kardec e escrito seus livros
na mesma época do lançamento do Livro dos Espíritos. Dizem que queria aparecer
mais do que Kardec. Chegam seus escritos
às raias da Ficção Religiosa. Foi isso que foi trazido ao Brasil. É pura falta
de conhecimento dos palestrantes e pseudo-divulgadores da Doutrina Espírita a
manutenção deste estado de coisas, na opinião expressa de Imbassahy.
É verdade que no Brasil onde a
grande maioria é Católica ou Evangélica, a maior parte da população acredita em
reencarnação. Ressalte-se que a reencarnação é um conhecimento anterior à Doutrina
Espírita [já estudada por Mesmer, precursor de Kardec uns 600 anos antes de “O
Livro dos Espíritos” quanto ao Magnetismo] e a grande maioria dos cultos afros
a admite. Os cultos afro-brasileiros existentes no meio de nossa sociedade,
embora não tenham nada a ver com o Espiritismo, é a principal responsável para
que a reencarnação seja aceita por tantos. Além disso, a própria Igreja adotava
o dogma da reencarnação até que uma imperatriz romana, no tempo em que a Igreja
era o próprio Estado, exigiu que seu marido extinguisse com sua aceitação
porque ela não queria se reencarnar. Isso nos foi dito por Carlos Imbassahy. Parece
piada, mas não é. É só pesquisar o que a própria Igreja esconde. A reencarnação
é tão óbvia e instintiva que já a trazemos conosco, apesar do olvido durante
cada período em que reencarnamos pela Lei do Esquecimento.
É chocante o que vou dizer. Mas,
Jesus, por sua falta de cultura, não escreveu seu próprio pensamento. Na
opinião de Imbassahy, com a qual corroboro integralmente, o fato de Jesus ter
usado parábolas para ministrar seus ensinamentos e não ter escrito nada é
porque não soube escrever seu pensamento. Ele foi marcante na sua época. Um
luminar. Mas, por não ter escrito, inventaram
uma doutrina em seu nome que, segundo tudo indica, quando Constantino, em
392, determinou a oficialização da Igreja e nomeou seus principais escribas para
redigir a doutrina ditada por Jesus, e se utilizou do Hinduísmo como modelo,
nas obras de Vyasa. “O Cristianismo é
obra dos homens.” Isso ninguém pode contestar.
A verdade é que a deturpação do
Espiritismo começou logo que ele se instalou no Brasil. Os primeiros espíritas
não tiveram estrutura mental e emocional para absorver o pensamento de Allan
Kardec. Derivaram para o evangelismo, atendendo às próprias tendências: fruto
do roustaingismo como já se citou acima.
O fato incontestável, afirma
Imbassahy, é que o movimento espírita engatinhou pelo menos 50 anos até que
veio o “boom” de Chico Xavier. Desde então se verificou que o roustaingismo
estava visceralmente infiltrado no pensamento espírita brasileiro, influenciado
por Bezerra de Menezes e seus parceiros, com a fundação da Federação Espírita
Brasileira - FEB. Isso porque Emmanuel, guia de Chico Xavier, só fez acentuar
esse desvio fundando oficialmente a religião espírita e referendando a
cristolatria inaugurada pelo Anjo Ismael.Ambos afirmaram, como Espíritos
Superiores, que o Espiritismo tem por missão restaurar o evangelho e como tal
existe entre ele e as igrejas cristãs um laço muito forte, mesmo que estas o
rejeitem.
Esse afastamento da real
estrutura do Espiritismo Kardecista originou uma sub-doutrina espírita um
pseudo-Espiritismo cujos alicerces repousam claramente nas ideias de Roustaing,
Emmanuel e outros ligados ao cristianismo. Tornou-se aceito porque os dirigentes espíritas de todos os níveis,
em sua esmagadora maioria, desconhecem o pensamento de Allan Kardec.
Oriundos do catolicismo sentem-se “em casa” com essa derivação
evangélico-mediúnica a que se reduziu o projeto inicial do fundador do
Espiritismo.
Compartilho com Herculano Pires,
Carlos Imbassahy, Sergio Aleixo e tantos outros divulgadores da Doutrina Espirita
codificada por Kardec que a imagem do
Espiritismo brasileiro é religiosa, confundida com a umbanda e cultos
afro-católicos. Todo o esquema de atuação está assentado sobre os
pressupostos do catolicismo, isto é, culpa e castigo e esse é o pensamento
central desse pseudo-Espiritismo. Além de Roustaing, outros personagens entram
nessa história: Emmanuel (Chico Xavier) Joanna de Angelis ( Divaldo Franco),
Edgard Armond e até Pietro Ubaldi, bem como outros que nada têm com o pensamento
de Kardec. Aliás, ele é o grande
excluído.
Diz Imbassay, verbis; “Existe um
grupo de espíritas que se autodenomina de “autênticos kardecistas” e que se
esmera num ferrenho combate à Federação Espírita Brasileira e ao roustaingismo,
centrados no detalhe absolutamente desprezível do corpo fluídico de Jesus [que é um absurdo]. No dizer de
Krishnamurti de Carvalho Dias, esse é o “boi de piranha” que possibilita a
entrada de conceitos contrários à grande contribuição kardecista, que é a imortalidade, a lei da evolução,
progressiva e contínua.
Entretanto, esse grupo “autêntico”, curiosamente, aceita o
aspecto religioso do Espiritismo e de certa forma a cristolatria roustainguista
ao apoiar-se nas teses de Emmanuel sobre a evolução em linha reta e o papel de
“governador” do planeta atribuído ao Cristo, quando nada disso pode ser
autenticamente encontrado no pensamento genuíno de Kardec.
É assim que nos impressionamos
com o imaginário destes tais “espíritas autênticos” que continuam acreditando
que Kardec foi apenas o codificador e não o fundador do Espiritismo. E ainda
continuam atrás do mito cristão do salvador e do mito judaico do messias, diz
Imbassahy.
Estes espíritas ainda não aprenderam
a lição histórica da evolução geral e do sentido progressista de Kardec.
Apegam-se, desesperadamente, ao aspecto místico da revelação sobrenatural, na
chefia mítica de Jesus Cristo, como “o Espírito da Verdade” e daí por diante. O
que se quer é no fundo falarem com os nossos irmãos desencarnados, demonstrarem
piedade com os que se foram e consolarem os que ficaram criando ambientes
propícios aos enganos e mentiras, que nada tem a ver com a Doutrina Espírita em
sua essência.
Há mais de 40 anos luta-se, às
vezes, solitariamente, pela instalação da doutrina kardecista, única forma de
salvar o Espiritismo fundado por Allan Kardec de naufragar. Porque o Espiritismo que se pratica e se
propaga no Brasil, de modo geral, não foi fundado e nem codificado por Kardec.
Não posso negar que enquanto Ética e Moral Cristã eu mesmo utilizo e divulgo os
ensinos de Emannuel, Joanna de Ângelis, Eurípides Barsanulfo, André Luiz,
Bezerra de Menezes, Chico Xavier e tantos outros Espíritos de LUZ. No entanto, sem fazer disso uma RELIGIÃO!
Fonte: Baseado em estudos de
Carlos Imbassahy [entrevistas e artigos de 2001], Herculano Pires, Sérgio
Aleixo, Carlos Pastorino e outros.
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