Honrai teu pai e tua mãe

HONRAI A VOSSO PAI E A VOSSA MÃE
Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?

E, tendo vindo para casa, reuniu-se aí tão grande multidão de gente, que eles nem sequer podiam fazer sua refeição. - Sabendo disso, vieram seus parentes para se apoderarem dele, pois diziam que perdera o espírito. Entretanto, tendo vindo sua mãe e seus irmãos e conservando-se do lado de fora, mandaram chamá-lo. - Ora, o povo se assentara em torno dele e lhe disseram: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te chamam. - Ele lhes respondeu: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? E, perpassando o olhar pelos que estavam assentados ao seu derredor, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos; - pois, todo aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe. (S. MARCOS. cap. III, vv. 20, 21 e 31 a 35 - S. MATEUS, cap. XII, vv. 46 a 50.)

Singulares parecem algumas palavras de Jesus, por contrastarem com a sua bondade e a sua inalterável benevolência para com todos. Os incrédulos não deixaram de tirar daí uma arma, pretendendo que ele se contradizia. Fato, porém, irrecusável é que sua doutrina tem por base principal, por pedra angular, a lei de amor e de caridade. Ora, não é possível que ele destruísse de um lado o que do outro estabelecia, donde esta conseqüência rigorosa: se certas proposições suas se acham em contradição com aquele princípio básico, é que as palavras que se lhe atribuem foram ou mal reproduzidas, ou mal compreendidas, ou não são suas.

Causa admiração, e com fundamento, que, neste passo, mostrasse Jesus tanta indiferença para com seus parentes e, de certo modo, renegasse sua mãe. Pelo que concerne a seus irmãos, sabe-se que não o estimavam. Espíritos pouco adiantados, não lhe compreendiam a missão: tinham por excêntrico o seu proceder e seus ensinamentos não os tocavam, tanto que nenhum deles o seguiu como discípulo. Dir-se-ia mesmo que partilhavam, até certo ponto, das prevenções de seus inimigos. O que é fato, em suma, é que o acolhia mais como um estranho do que como um irmão, quando aparecia à família. S. João diz, positivamente (cap. VII, v. 5), "que eles não lhe davam crédito”.

Quanto à sua mãe, ninguém ousaria contestar a ternura que lhe dedicava. Deve-se, entretanto, convir igualmente em que também ela não fazia idéia muito exata da missão do filho, pois não se vê que lhe tenha nunca seguido os ensinos, nem dado testemunho dele, como fez João Batista. O que nela predominava era a solicitude maternal. Supor que ele haja renegado sua mãe fora lhe desconhecer o caráter. Semelhante idéia não poderia encontrar guarida naquele que disse: Honrai a vosso pai e a vossa mãe. Necessário, pois, se faz procurar outro sentido para suas palavras, quase sempre envoltas no véu da forma alegórica.

Ele nenhuma ocasião desprezava de dar um ensino; aproveitou, portanto, a que se lhe deparou, com a chegada de sua família, para precisar a diferença que existe entre a parentela corporal e a parentela espiritual.

Notas do Palestrante: Jesus e o Evangelho – À luz da psicologia profunda – Joanna de Ângelis

  • Cada Espírito renasce no clã onde tem necessidade de aprimorar-se pela paciência resignação, silencio e bondade. Por isso as famílias nem sempre são ditosas e harmônicas, constituindo agrupamentos de difíceis entendimentos.
  • As famílias consanguíneos oferecem os equipamentos para os renascimentos físicos. As famílias espirituais têm seus vínculos mais fortes, ligando os indivíduos que as constituem.
  • Face às necessidades evolutivas a maioria dos Espíritos retorna nos grupos que lhes serão mais úteis do que naqueles que lhes proporcionariam mais alegrias e bênçãos, porém, seja qual for o tipo de família cumpre-lhe o dever do amor filial e fraternal.
  • Quando Jesus sabendo que sua mãe e seus irmãos O procuravam com ansiedade, de forma surpreendente interrogou ao grupo aturdido – Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? E, após olhar em derredor, a todos elegeu como sendo a Sua família, pois que – completou – todo aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
  • O seu amor familial ampliava-se a toda a Humanidade para a qual viera, rompendo os grilhões do grupo restrito, para ensinar que na condição de serem todos os indivíduos filhos de Deus, são uma só e única família.
  • Ele já se houvera desincumbido dos deveres no lar, encontrava-se na idade adulta, direcionava os passos para o objetivo essencial para o qual viera; não seria, portanto, licito que se detivesse para atender às paixões e controles de qualquer natureza, em detrimento das determinações de Deus.
  • Absolutamente lúcido, dispondo da Sua faculdade de Espírito Superior, conhecedor do passado das criaturas e das injunções reencarnacionistas em que se encontravam, sem abandonar os compromissos morais da afetividade humana, preteriu-os preferindo não se afastar por um momento sequer da determinação de realizar a tarefa encetada.
  • Amar sempre é o impositivo existencial, nele incluindo todo o clã, particularmente, pai e mãe, a fim de viver longo tempo na Terra que o Senhor Deus dará, conforme preconiza o Decálogo (Êxodo, cap.XX, v.12).

Base para Palestra proferida por Walter de Carvalho em  26--06-03 - 20h – no Grupo Espirita Bezerra de Menezes - GEBM – Fontes: ESE CAP XIV - Honrai Pai e Mãe e Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda de Joanna de Ângelis – psicografia Divaldo Franco.

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