A VINGANÇA
*** Se Jesus tivesse parado em meio à caminhada do Gólgota, largado a cruz
injusta do suplício, para se voltar contra Seus agressores e exercer sobre
eles o direito de vingança, certamente não teria passado à posteridade como Modelo
de perfeição e de amor.*** Responder ofensa com ofensa é lavar a alma com
lama***
Walter de Carvalho
Walter de Carvalho
Você considera a vingança como um
ato de coragem ou de covardia? Algumas pessoas acreditam que a vingança é uma
demonstração de grande coragem. Afinal de contas não se pode tolerar uma
afronta sem se rebaixar. Pensam que a tolerância e a indulgência seriam prova
de fraqueza ou de covardia. Todavia, temos de convir que o ato de vingar-se
jamais constitui prova de coragem. Geralmente, quando buscamos revidar uma
ofensa o fazemos movidos pelo medo do agressor ou da opinião pública. Não
importa que a nossa consciência nos acuse de covardia ou indignidade, o que nos
interessa é que a sociedade não nos julgue assim.
O mesmo não ocorre com relação ao
ato de perdoar. O perdão, sim, exige do ofendido muita coragem e dignidade. Enquanto
a vingança é uma ladeira fácil de descer, o perdão é uma ladeira difícil de
subir. Algumas pessoas costumam enfrentar corajosamente os mais graves perigos,
mas sentem-se impotentes para tolerar uma pequena ofensa.
Escalam, com ousadia, altas montanhas,
saltam de paraquedas desafiando as alturas, enfrentam animais ferozes, aceitam
os desafios do trânsito, navegam em mar revolto com bravura, mas não conseguem
suportar um mínimo golpe da injustiça. Dão grande prova de coragem em alguns
pontos, mas não relevam a investida da ingratidão, da calúnia, do cinismo, da
falsidade, da infidelidade.
Realmente fortes são aqueles que
conseguem conter-se diante de uma agressão. A verdadeira fortaleza está nas
almas que não se descontrolam quando são ofendidas. Que não se impacientam
quando são incomodadas. Que não se perturbam, quando são incompreendidas. Que
não se queixam, quando são prejudicadas.
Verdadeira coragem é aquela de que
o cristo nos deu o exemplo. Ele sofreu a ingratidão daqueles a quem havia
ajudado, enfrentou o cinismo dos agressores, foi ultrajado, caluniado,
cuspiram-Lhe no rosto e O crucificaram, e Ele tomou uma única atitude: a do
perdão. Por várias vezes, em sua passagem pela terra, o Homem de Nazaré teve motivos
de sobra para revidar ofensas, mas sempre optou pela dignidade de calar-se. Diante
das agressões recebidas, o Meigo Rabi da Galileia passava lições grandiosas,
como aconteceu com soldado que O esbofeteou quando estava de mãos
amarradas. Sem perder a serenidade habitual, o cristo olhou-o nos olhos e lhe perguntou:
“se eu errei, aponta meu erro, mas se não errei, por que me bates?”
Essa é a atitude de uma alma
verdadeiramente grande. Pense nisso! Se Jesus tivesse parado em meio à caminhada
do Gólgota, largado a cruz injusta do suplício, para se voltar contra Seus agressores
e exercer sobre eles o direito de vingança, certamente não teria passado à
posteridade como Modelo de perfeição e de amor. Pense nisso!
Walter de Carvalho com contextualizando texto da Equipe de Redação do Momento
Espírita, com base no cap. 15 do livro Primado do Espírito, de Rubens
Romanelli.
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