O Inquilino do Corpo

O INQUILINO DO CORPO • J. Herculano Pires (Irmão Saulo)

A juventude é a fase das esperanças e dos entusiasmos. José Ingenieros acentuou, em As forças morais, que “a juventude toca a rebate em toda renovação”. Mas na verdade falta-lhe a experiência, a vivência existencial (pois cada existência traz os seus problemas novos) para que ela possa controlar as suas forças e aplicá-las com eficiência.
O espírito, esse “inquilino do corpo”, como Emmanuel o chama, precisa de tempo para dominar a nova situação em que se encontra. Lembremos que Jesus só se entregou à sua missão na idade madura, e Kardec só iniciou a codificação do espiritismo aos cinquenta anos de idade.
Devemos nos lembrar, por outro lado, que cada espírito traz as suas dificuldades e, muitas vezes, precisa vencê-las na fase juvenil, a fim de sentir-se desembaraçado na madureza e na velhice, para o cumprimento de seus novos encargos. Não é fácil atirar à beira do caminho os pesados fardos do passado, o que não raro demanda longos sacrifícios.
Ingenieros tem razão ao assinalar a função renovadora da juventude, mas ele mesmo adverte que há jovem-velhos e velhos-jovens. Hoje, que a população mundial cresce velozmente, os jovens são maioria e fazem sentir a sua presença em todos os setores de atividade. Não obstante, são ainda os homens maduros e os velhos que dirigem o mundo. E até mesmo no campo novíssimo da astronáutica, a experiência da maturidade se impôs sobre os arroubos da juventude.
A razão de Emmanuel é evidente. Não podemos “crer em velhice”, quando vemos que o tempo nos traz a riqueza da experiência. Não há limite preciso entre juventude e velhice, quando o “inquilino do corpo” conseguiu dominar o seu instrumento e conservá-lo viril através dos anos. Esse “inquilino”, o espírito, não envelhece. Pelo contrário, o tempo o aprimora e aguça, dando-lhe a juventude que se repete, cada vez mais bela e segura, em cada nova encarnação.
A juventude terrena é um tempo de preparação do homem em cada existência. A juventude espiritual é a atualização dos poderes do espírito de maneira definitiva, acima da transitoriedade da matéria.
Fonte; Walter de Carvalho em continuidade a postagem sobre a Idade- psicografia de Emmanuel. Artigo publicado originalmente na coluna dominical "Chico Xavier pede licença" do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970.

Comentários