NÃO JULGUEIS A NINGUÉM – EXERCITE A COMPREENSÃO
As frequentes guerras que ocorrem
em certas partes do mundo costumam causar estupefação. Será que os habitantes
desses países não percebem o quanto seu comportamento é desarrazoado? Para
viver em paz, não compensaria um esforço com vistas ao entendimento? Por que
não ceder em algumas coisas, em nome de uma vida mais digna?
Tais reflexões frequentemente
povoam nosso pensamento. Assumindo a postura de virtuosa indignação com os
desatinos desses irmãos de longe, não percebemos que cometemos o mesmo equívoco
que eles, em nosso dia-a-dia.
Felizmente, não jogamos bombas
nos vizinhos e nem metralhamos os parentes. Mas muito pouco nos esforçamos para
compreender os valores e as dificuldades do próximo. A falta de compreensão é a
origem de toda discórdia, grande ou pequena. Se nos colocássemos no lugar do
outro, antes de condená-lo, certamente seríamos menos rigorosos em nosso
julgamento.
Há em nossa sociedade o
lamentável hábito da maledicência. Quando alguém comete um equívoco, não tardam
os comentários maldosos sobre sua pessoa. Isso ocorre com quem demonstra desequilíbrios
na área da sexualidade, não possui bom desempenho profissional ou enfrenta
dificuldades financeiras, dentre inúmeras outras situações.
A falha de alguém parece ser a senha
que autoriza a sociedade a comentar sua vida, denegrindo-o. As virtudes e os
esforços do faltoso são desconsiderados, realçando-se os seus pretensos
defeitos. O espantoso é que esse hábito nefasto grassa em uma sociedade cuja maioria
absoluta afirma ser cristão.
Ocorre que ser cristão não
significa apenas afirmar-se como tal, mas se revela no esforço para seguir as
lições e os exemplos do cristo. E Jesus, quando confrontado com a multidão que
desejava apedrejar a pecadora, foi muito claro. Ante a surpresa geral, o amigo divino
sentenciou: "aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra".
Malgrado a clareza da lição, quase
dois milênios mais tarde, a apressada condenação do semelhante ainda é uma
constante. Entretanto, para fazer juízo sobre determinada situação, é necessário
conhecer todos os seus aspectos. Em relação a alguém que nos parece leviano, o
que sabemos de sua vida? Temos conhecimento da educação e dos exemplos que
recebeu em casa, durante a infância? Cogitamos sobre as inúmeras tentações a
que resistiu, antes de sucumbir? Conhecemos a solidão que lhe caracteriza os dias? Temos noção das
dificuldades com que diariamente convive? Podemos vislumbrar a enormidade de
seu desconforto ou de seu remorso?
Tais reflexões bem evidenciam o quanto
somos rasos e apressados em julgar o semelhante, que talvez possua uma fibra
moral bem maior do que a nossa. Na verdade, para julgar alguém seria necessário
ter vivido a sua tragédia, partilhado a sua dor, em toda a extensão. Somente
assim saberíamos o real motivo de suas ações. Na falta desse conhecimento, é medida
salutar abstermo-nos de comentar a vida alheia.
Façamos um esforço para
compreender quem nos parece em falta. Reflitamos sobre a condição humana de
nossos semelhantes, falhos como nós mesmos, colocando-nos na posição de irmãos,
não de juízes. Afinal, como afirmou Jesus, apenas aquele que está sem pecado pode
atirar a primeira pedra. Portanto, antes de atirar pedras em alguém, faça uma
analise da sua própria conduta. E, por fim, lembre-se: Jesus não tinha pecados,
e ainda assim não atirou pedras na mulher equivocada.
Texto da Equipe de Redação do
Momento Espírita.
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