AS PEQUENAS DÁDIVAS
*** Um sorriso, um gesto de
carinho, um telefonema, um e-mail, um abraço, um beijo, uma palavra de apoio e
de incentivo, uma flor, um bilhete, um cartão postal, um aceno, um bombom, um
copo com água, um pedaço de pão. Nós podemos fazer muito, com tão pouco... Isso
amigos também é CARIDADE! Walter de Carvalho*** PENSEM NISSO!
A família, constituída do pai e
um filho menor era pobre, vivendo com os poucos recursos financeiros que o pai
ganhava no trabalho de vigilância noturna. Certo dia o pai adoeceu, ficando
acamado por tempo mais longo do que podiam suportar suas economias. Com falta
do que comer em casa, o filho pequeno saiu às ruas pedindo comida para ele e
para o pai doente. Escondendo as lágrimas pela tristeza e pela preocupação,
passou o primeiro dia sem nada conseguir.
No segundo dia, quase ao anoitecer,
enquanto revirava um saco com lixo residencial em frente a uma loja que estava
encerrando o expediente, viu se aproximar um senhor de meia idade, sorridente,
com ar bondoso, que trazia nas mãos um marmitex, bem quentinho, que lhe
ofereceu. Meio receoso, o menino segurou a marmita ouvindo a recomendação do
seu benfeitor: "Coma enquanto está quente!" "Muito obrigado,
senhor, mas gostaria de ir comê-la em casa, para repartir com meu pai."
Disse o menino.
Sorridente e paternal, o lojista
perguntou-lhe: "o que o seu pai faz em casa, enquanto você sai por aí
procurando o que comer? Ele não trabalha?" "Trabalha sim, e muito.
Mas, há dias está acamado. Como acabou o dinheiro para comprar comida, fui obrigado
a sair pedindo um pedaço de pão. Só que não tenho recebido quase nada."
Respondeu o pequeno andarilho.
"Você mora muito longe daqui?"
Continuou o bom senhor. "Não, não. Em pouco tempo eu chego lá. E sei que a
comida ainda estará bem quentinha.” “Apressou-se em dizer o menino, com olhos
um pouco mais alegres”.
Quer saber, meu pequeno, eu vou
até lá com você, se você deixar. Assim, aprendo onde você mora e aproveito para
conhecer seu pai. Que tal? Acrescentou o jovem senhor. O menino concordou e lá
se foram os dois.
O quadro com que se deparou o dadivoso
lojista, ao entrar no barraco, era de lastimar. No entanto, pai e filho sorriam
diante do alimento, que o menino rapidamente dividiu em dois pratos e serviu
logo ao chegar em casa. Depois que os dois terminaram a rápida refeição, a
primeira nos últimos dois dias, o nobre comerciante despediu-se e retornou ao
seu lar, prometendo voltar em breve.
Alguns dias se passaram, quando,
também num final de tarde, entram na loja o menino e seu pai, este um pouco
mais disposto, procurando pelo dono. Vieram para agradecer, disseram à jovem
senhora que estava atendendo no balcão, ao tempo que queriam saber o que
poderiam fazer para retribuir a dádiva da comida limpa e quentinha, que haviam
recebido dele.
Enquanto seu pai falava com a
atendente, o menino começou a juntar pedaços de papel que estavam no chão,
quando chegou o dono da loja, marido da senhora que os atendia. Alegria, abraços
e boa conversa. Ao se despedirem, o lojista olha demoradamente para o menino e lhe
diz: "meu pequeno, você não tem o que me agradecer, eu apenas fiz o que faria
por um filho meu. Fico feliz de ter podido ajudar. No entanto, se você quiser, poderá vir trabalhar comigo, ajudando-me
na loja, assim, não será preciso você sair por aí pedindo comida, caso o seu
pai volte a adoecer. Que tal?"
O menino timidamente olhou para o
seu pai, como a perguntar com o olhar: "e aí, o que eu digo?" O pai,
discretamente lhe fez um sinal afirmativo com a cabeça, sem nada falar. A
partir daí, o menino começou trabalhar. Passado um tempo, voltou para a escola,
e continuou trabalhando. Cresceu, tornou-se adulto e, na loja continuava a
trabalhar. Sempre com muita seriedade, responsabilidade e espírito de gratidão.
Seu pai veio a falecer, por causa da idade avançada.
O casal de lojistas não tinha
filhos. Com o tempo, chegou a velhice dos dois. Logo mais a esposa faleceu. E
aquele menino, agora já um homem, foi quem ficou cuidando da loja e do bondoso
lojista, amparando-o na velhice, auxiliando-o na enfermidade, acompanhando-o no
dia-a-dia, como devotado filho. E pensar que tudo começou com um prato de
comida! Uma pequena dádiva, modificando destinos. Um sorriso, um gesto de
carinho, um telefonema, um e-mail, um abraço, um beijo, uma palavra de apoio e
de incentivo, uma flor, um bilhete, um cartão postal, um aceno, um bombom, um
copo com água, um pedaço de pão. Nós podemos fazer muito, com tão pouco... Pense
nisso, mas pense agora!
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