Um
passeio pelo mundo
“Fiz um passeio pelo mundo. Em toda
parte vi a miséria humana a habitar as residências. Falo em miséria quando me
refiro aos males morais das criaturas. Quantas dores poderiam ser evitadas se
fossem observadas as leis divinas, já na face da terra há quase quatro
milênios.
Entrei em uma casa e vi jovens pais
desesperados a derramar lágrimas por seu filho morto em conflito de rua. Tinha
16 anos e até esta idade não frequentara qualquer atividade religiosa que
pudesse direcionar-lhe o senso moral, tampouco seus pais sabiam ou podiam
exemplificar algo no campo do entendimento das coisas espirituais. Ricos que
eram, desde cedo entregaram a educação da criança a empregados especializados.
Em outro lar, vi um pai desolado por
encontrar sua filha querida em antro de prostituição, entregando-se aos
prazeres fortuitos da carne, enquanto ele embriagava-se no mesmo ambiente com
filhas de outros, nas insanas práticas da sexualidade desequilibrada. Entregue
a profundo desânimo e depressão pensou em tirar a própria vida, mas recebeu a
interferência benéfica do seu anjo guardião e adormeceu na dor surda que lhe
oprimia a alma.
Dali saí e entrei em recinto imundo,
onde filhos aproveitavam-se de seus pais, retirando-lhes tudo o que tinham.
Tratavam-se de jovens que sugavam todo o patrimônio material dos pais e,
desrespeitando acintosamente seus genitores, ameaçava-os de morte caso não
liberassem o dinheiro necessário. Resultado: os pais recusaram, pois
encontravam-se cansados daquela situação. Sem acharem saída, e na loucura
estabelecida pela situação de extremo desequilíbrio, os jovens tiraram
covardemente a vida dos pobres pais que acordaram no mundo espiritual
assustados e envolvidos com a situação, sem entretanto apresentarem sinais de
arrependimento pela vida de inutilidades que tiveram.
Mais além, vi famílias paupérrimas que
se alimentavam das migalhas dos ricos, ao lado dos suntuosos prédios que se
erguiam em meio à miséria material daquele ambiente. Passando por esses
miseráveis, todos os dias iam os moradores em seus carros reluzentes, de vidros
fechados para não serem interrompidos pelos famintos e desesperados. Pedintes
profissionais, diziam. E a mãe com o filho no colo aguardava com esperança que
tudo se restabelecesse, pois esperava que seu companheiro um dia retornasse
para ajudá-la a criar os seis filhos
pequenos que ficaram sob sua guarda, quase todos na rua a mendigar um pedaço de
pão. Mas, no fundo de seu coração ela sabia que provavelmente entregar-se-iam
às drogas e à prostituição para conseguirem vida melhor.
E em meu passeio pelo mundo fui a uma
região de extrema degradação onde os doentes do corpo não tinham sequer um
leito para recostar suas cabeças e onde a fome era a grande companheira.
Esquálidas e frágeis, suas crianças morriam a todo momento, no que davam graças
a Deus, pois não tinham como alimentá-las.
Mais adiante vi as guerras. Homens
contra homens, irmãos contra irmãos, a disputar um pedaço de terra, ou quem tem
mais poder, ou quem tem mais fé. E
soltam-se bombas, matam-se inocentes, ferindo a dignidade e os direitos
humanos.
Por fim, vi grande luz. Entrei numa casa
onde três pessoas liam pequeno livro. Da reunião saía luz clara a iluminar o ambiente. Um jovem de pouco idade
lia as palavras do Evangelho enquanto a irmã e a mãe ouviam-no. Serenos,
compreendiam a mensagem. Incorporavam os ensinamentos como a beber água de
fonte que nunca seca, limpando e purificando a alma. Falavam do amor de Deus
para com Seus filhos. Forte luz brilhava, atraindo os Espíritos que trabalham
no Bem para aquele ambiente, bem como distribuindo as bênçãos necessárias para
aqueles que dela necessitavam.
No lar um ambiente de paz, harmonia e
equilíbrio. O filho preparava-se para cumprir tarefa no campo profissional e a
mocinha já se encaminhava para nobre
profissão que lhe traria as definitivas luzes do equilíbrio. A mãe, valorosa
senhora, a tudo assista compassiva, confiante em Deus, consciente que as lições
ensinadas aos filhos em tenra idade e o exemplo de honradez e moralidade do
casal tinham atingido o alvo e feito dos seus filhos Homens de bem".- Cáritas.
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