O homem e a mulher não viveriam um sem a existência do outro! Pensem nisso!

CONJUGAÇÃO VERBAL •  J. Herculano Pires (Irmão Saulo)

O problema do feminismo foi solucionado pelo espiritismo, em meados do século 19. A questão 890 de O livro dos espíritos trata do amor maternal e a questão 822 coloca o problema da igualdade entre o homem e a mulher. A solução é simples e precisa: igualdade de direitos e diversidade de funções. Homem e mulher se complementam na vida terrena, são formas de encarnação com funções diversificadas na dinâmica da evolução.
Na forma masculina, o espírito enfrenta experiência que lhe desenvolvem as faculdades viris; na forma feminina, as que lhe aprimoram as faculdades afetivas. Por mais que se acentuem as mudanças sociais no mundo, haverá sempre a diversidade de funções entre homem e mulher, mas a igualdade de direitos se acentuará com o desenvolvimento da civilização.
É o que ressaltam de uma análise de conjunto das trovas mediúnicas dessas onze poetisas desencarnadas, todas elas conhecidas em nossas letras. Antonieta Saldanha define bem a situação, nos versos "O homem levanta o mundo, / A mulher sustenta o lar". No campo dos direitos, a mulher pode desempenhar encargos até a pouco só reservados aos homens, mas, no campo das funções, cada qual tem a sua posição biológica e social bem definida e irreversível.
Um poeta espiritual soprou-nos a seguinte trova que parece esclarecer a questão:
Homem e mulher – dois tempos
Do verbo amar sobre a Terra
Em que as almas se conjugam
Na vida que se descerra.
O feminismo exacerbado é tão insensato como o machismo. Ambos representam posições extremas que revelam incompreensão do problema. O homem que escraviza a mulher diminui a si mesmo, e a mulher que pretende sobrepor-se ao homem nada mais faz do que se aviltar.
Quando a mulher assume na vida social uma função masculina, o seu dever não é competir com o homem, mas dar-lhe o exemplo de desempenho equilibrado dessa função em que o homem, pelo seu machismo ridículo, em geral se desmanda. As mãos da mulher, como acentua  Julinda  Alvim, na sua trova, devem semear notas de amor na função em que o homem só tem desferido martelada.
Alguns espíritas não aceitam a tese doutrinária da encarnação do espírito ora como homem, ora como mulher. São criaturas sistemáticas e convencidas da suposta superioridade masculinas. Mas a verdade é uma só: o espírito não tem sexo e as suas encarnações dependem das exigências da evolução espiritual, não se sujeitando à tolice dos preconceitos humanos. Basta lembrarmos que, sem a mulher, o homem não poderia existir e, sem o homem, a mulher também não existiria.

Artigo publicado originalmente na coluna dominical "Chico Xavier pede licença"  do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970.

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