O tempo e o AMOR!

O Tempo e o Amor

Chegando, finalmente, à margem do grande rio, o Amor avistou três barqueiros que estavam indolentes, recostados às pedras.
Dirigiu-se ao primeiro:
- Queres, meu bom amigo, levar-me para a outra margem do rio?
Respondeu o interpelado, com voz triste, cheio de angústia:
- Não posso menino! É impossível para mim!
O Amor recorreu, então, ao segundo barqueiro, que se divertia em atirar pedrinhas ao seio tumultuoso da correnteza.
- Não. Não posso - respondeu secamente.
O terceiro e último barqueiro, que parecia o mais velho, não esperou que o Amor viesse pedir-lhe auxílio.
Levantou-se tranqüilo e, estendendo-lhe bondoso, a larga mão forte, disse-lhe:
- Vem comigo, menino! Levo-te sem demora ao outro lado.
Em meio da travessia, notando o Amor, a segurança com que o velho barqueiro navegava, perguntou-lhe:
- Quem és tu? Quem são aqueles dois que se recusaram a atender o meu pedido?
- Menino - respondeu paciente o bom remador - o primeiro é o Sofrimento. O segundo é o Desprezo. Bem sabes que o Sofrimento e o Desprezo não fazem passar o Amor.
- E tu, quem és afinal?
- Eu sou o Tempo, meu filho – atalhou o velho barqueiro.  Aprende para sempre a generosa verdade: Só o Tempo é que faz passar o Amor!
E continuou a remar, numa cadência certa, como se o movimento de seus braços possantes fosse regulado por um pêndulo invisível e eterno.

 "O Tempo, e só o Tempo é que faz passar o Amor!"
Malba Tahan

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