SER PACIENTE
É comum ouvir-se dizer que
alguém perdeu a paciência. Sendo a paciência uma virtude, parece estranha a
ideia de que possa ser perdida. Virtudes são conquistas do espírito, que as
incorpora em seu modo de ser. Não se trata de algo exterior, que o homem
encontra e vê desaparecer sucessivas vezes. Quem desenvolve uma virtude passa a
ser melhor em determinado aspecto de sua vida imortal. É possível perder-se
apenas o que se possui, mas não o que se é. Se uma característica nobre foi assimilada
por alguém, ela não pode ser perdida. A criatura genuinamente honesta jamais
extravia a própria honestidade. A pessoa bondosa não é privada repentinamente
de sua bondade. Assim, quando alguém afirma que perdeu a paciência é porque nunca
chegou a ser verdadeiramente paciente. Isso não significa que as virtudes
surjam de um momento para o outro. Elas devem ser paulatinamente elaboradas no
íntimo do ser. No longo processo de aquisição da nobreza interior, trava-se uma
autêntica batalha entre os vícios e as virtudes. É comum que certas quedas
ocorram, pois se trata de um processo de transição. Mas a verdade é que,
enquanto a criatura titubeia entre atos nobres e mesquinhos, ela ainda está
lutando contra si mesma. As virtudes não são propriedade de um determinado espírito,
pois compõem a sua própria essência. Tanto é assim que habitualmente se fala
que alguém é bondoso, e não que possui bondade. Enquanto estamos com
dificuldade para tolerar certas pessoas ou situações, ainda não somos
pacientes. No máximo, estamos lutando para incorporar essa virtude. Afinal, é
fácil conviver pacificamente com quem pensa igual a nós, ou suportar pequenos inconvenientes.
O teste para nossa fibra moral é suportar com serenidades grandes contrariedades
ou provocações. A verdadeira paciência é sempre exteriorização da alma que já realizou
muito amor em si mesmo. Plena de amor, ela distribui os tesouros de seu afeto
aos que a rodeiam, mediante a exemplificação. A alma paciente já consegue considerar
todas as criaturas como irmãs, em quaisquer circunstâncias. Se necessário, ela
esclarece a ignorância, mas sempre de modo fraterno. Paciência é a tolerância
esclarecida que revela a iluminação do ser que a manifesta. Trata-se de uma
conquista sublime, somente alcançada a custo de disciplina e esforço. Para ser
paciente é preciso domar os próprios impulsos inferiores. Quem pretende ser
tolerante deve cessar de ver problemas nos elementos externos, sejam pessoas ou
circunstâncias. Precisa compreender que todo o mal que atinge a criatura em evolução
vem dela própria, de seu interior carente de renovação. Quem percebe as suas sequelas
morais, sem disfarces ou desculpas, naturalmente tende a olhar o próximo com
tolerância. Mas não basta apenas perceber os próprios problemas. É necessário
corrigi-los, com a adoção de novos padrões de comportamento. A disciplina
antecede a espontaneidade. Transformar vícios em virtudes pressupõe disciplina
e
determinação. Assim, para ser paciente é preciso esforço em tolerar as dificuldades e os defeitos alheios. Mas também é indispensável trabalho concentrado para vencer os próprios vícios.
Pense nisso.determinação. Assim, para ser paciente é preciso esforço em tolerar as dificuldades e os defeitos alheios. Mas também é indispensável trabalho concentrado para vencer os próprios vícios.
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base na questão 254 do livro 'O Consolador', do Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
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