QUEM NÃO PEDIU PARA NASCER?

Os estudos realizados reportaram-se à questão nº 203 de O livro dos espíritos. - CONTINUAÇÃO

QUEM NÃO PEDIU PARA NASCER? J. Herculano Pires (Irmão Saulo)

A pergunta 203 de O livro dos espíritos refere-se aos elementos que os pais transmitem aos filhos. A resposta dos espíritos é esta: "Dão-lhes apenas a vida animal, pois a alma é indivisível. Um pai obtuso pode ter filhos inteligentes e vive-versa." Acreditava-se que os pais transmitiam aos filhos alguma coisa de suas próprias almas. Os espíritos refutaram essa tese.

As semelhanças de temperamento e tendências nas famílias não são explicadas no espiritismo pela hereditariedade física, mas pela afinidade espiritual. Na reencarnação os espíritos são atraídos aos pais em virtude de ligações do passado. As ligações positivas se reconhecem pela afinidade, as negativas pela repulsão. Pais e filhos que se ajustam são espíritos afins, os que se repelem são credores e devedores que se reencontram.

O espírito suficientemente evoluído para ter consciência de suas deficiências, logo que vence o prazo destinado à sua permanência na vida espiritual, pede para reencarnar. Liga-se, então, por afeto ou por remorso, a pessoas de seu convívio na vida anterior (ligações positivas ou negativas), pedindo-lhes que os aceitem como filhos. Cada nascimento na Terra implica decisões tomadas no mundo espiritual. Há os que pedem e os que imploram para nascer. Os que imploram são geralmente os que mais reclamam nesta vida, os que mais se desajustam em família, os mais rebeldes – porque mais necessitados.

O conceito humano de que ninguém pediu para nascer é um erro produzido pela cegueira espiritual dos homens. Como esquecemos os antecedentes espirituais do nascimento – precisamente para podermos viver uma vida nova, sem lembranças perturbadoras –, temos a impressão de que fomos enviados ao mundo à revelia do nosso desejo. E muitos acusam os pais de responsáveis pelo seu nascimento, como se os pais tivessem o poder de gerar quando querem e de escolher os espíritos que devem nascer como seus filhos.

A mensagem de Emmanuel, colocando o problema em seus termos exatos, adverte-nos quanto à necessidade de atendermos aos deveres da vida em família, pois o cumprimento ou não desses deveres determinará a nossa futura situação na vida espiritual. A vida material passa depressa e os laços espirituais continuam além da morte e repercutem nas vidas futuras.

Artigo publicado originalmente na coluna dominical "Chico Xavier pede licença"
do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970.

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