A PERSEGUIÇÃO DE HERODES - REUNIÃO NO SINÉDRIO

ESTUDO DOS EVANGELHOS À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
39 - VISITA DOS MAGOS [PASTORINO]
39.4 - A PERSEGUIÇÃO DE HERODES - REUNIÃO DO SINÉDRIO

Ao saber da notícia da chegada a Jerusalém dos magos orientais, em busca de novo rei dos judeus, Herodes, o velho idumeu, perturbou-se: não queria concorrência ao trono. Já assassinara muitos competidores e ainda cinco dias antes de sua morte mandou executar seu próprio filho Antípater, por temer que lhe roubasse o título. Convocou, então, às pressas as autoridades e os sábios, isto é, o SINÉDRIO, para saber onde deveria nascer o Messias de acordo com os textos bíblicos. O Sinédrio de Jerusalém ou Consistório (também chamado Conselho), era a autoridade mais alta, tanto civil quanto religiosamente. Compunha-se de 71 membros, ou seja, um presidente (NASI) geralmente sumo-sacerdote, e setenta conselheiros assim divididos :a) os principais (grandes) sacerdotes que eram o próprio sumo-sacerdote e os ex-ocupantes do cargo, bem como os chefes das 24 classes sacerdotais; b) os escribas ou doutores da lei (sopherim), a classe mais culta, que passava seus dias a transcrever a Torah, a ensinar, dissertar e discutir; c) os anciãos do povo (isto é, presbíteros) que eram os leigos notáveis, escolhidos entre as principais famílias.
A convocação do Sinédrio foi total, havendo no texto a omissão de uma palavra, por salto do copista: em vez de escribas do povo, cargo que não existia, deve ler-se: escribas e anciãos do povo. O Sinédrio respondeu prontamente, sem hesitação, citando o versículo de Miquéas (5:1): E tu, Belém de Efrata, pequena quanto à tua situação entre as clãs de Judá, de ti virá um que será soberano em Israel e suas origens serão antigas, da longínquo passado. MATEUS CITA APENAS O SENTIDO, MODIFICANDO 0 TEXTO, COISA HABITUAL ENTRE OS EVANGELISTAS -M Grio nosso]. São Jerônimo (Patrologia Latina, vol. 22, col. 576) diz que eles procuravam o sentido, não as palavras (sensum quaesisse, non verba), e não cuidavam da ordem e das palavras, quando as coisas eram compreensíveis (nec magnópere de ordinatione sermonibusque curasse, cum intellectui res paterent). De posse do fato e do local, Herodes interroga sobre a época do aparecimento do astro, dizendo-lhes que continuassem a pesquisa, porque também ele desejava adorar o novo Messias. Cuidava ser-lhe fácil suprimir no berço o recém-nascido, sem provocar protestos. A viagem de Jerusalém a Belém podia consumir mais ou menos duas horas, na direção sul. Sua localização não foi descoberta até hoje nas buscas arqueológicas. Tem trazido discussões a frase: o astro os guiou, que geralmente é traduzido caminhou à frente deles, com o sentido dado ao emprego intransitivo. Mas aqui está empregado transitivamente (cfr. Dict. Grec-Français de A. Bailly, in verbo). A ideia de que os astros guiam os navegantes é antiga e comum. No entanto ninguém jamais supôs que os astros, para guiarem os navegantes, precisavam caminhar à frente deles. Ao chegarem à porta de Jerusalém, viram novamente a conjunção no lado sul, e compreenderam que estavam certos. Naturalmente, por mais que caminhassem, jamais o astro lhes ficaria ao norte. Se alguém caminha na direção da lua, esta parecerá também avançar à frente na mesma direção, como que guiando. Mas quando a criatura pára, o astro pára também. E foi o que ocorreu ao encontrarem a casa em que Jesus estava. Há muita discussão a respeito da casa ou gruta em que se acharia Jesus, na visita dos magos. O texto fala explicitamente em casa. Lógico que, mesmo admitindo-se a ideia do nascimento na gruta, José não deixaria a esposa e o filho em local tão impróprio, e providenciaria acomodações. José não é citado nesse passo.

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