NASCIMENTO DE JESUS! MITOS E CONTRADIÇÕES

ESTUDO DOS EVANGELHOS À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
32 -NASCIMENTO DE JESUS ! O ANIVERSARIANTE DO MÊS!
32.2 -NARRAÇÃO DE LUCAS E CONTRADIÇÕES COM MATEUS SOBRE O NASCIMENTO DE  JESUS

Diz Lucas que todos iam alistar-se, cada um à sua cidade, e por isso José e Maria seguiram viagem para Belém de Judá, cidade de David. Esse princípio não vigorava do Direito Romano, embora Gaius Valeri us Máximus, em 103 (depois de Cristo) tivesse ordenado no Egito (cfr. Pap. Lond. 3, pág. 125), que os cidadãos se dirigissem para a sede do município a fim de alistar-se. Mas é diferente: é a sededo município, e não a cidade de origem. Ora, não era esse o caso de José, porque Belém não era a sede do município de Nazaré. O fato de ter-se feito acompanhar de Maria (ainda noiva, segundo Lucas, já sua esposa, segundo Mateus).pode explicar-se por ser ela também da casa e família de David. Em Belém completa-se o tempo de Maria, tendo-lhe nascido o filho primogênito. A notificação de que Jesus é o primogênito não implica na necessidade de que posteriormente viesse a ter outros filhos. A expressão é autônoma e tem em mira salientar que Jesus era o bekor, que pertencia a Deus, devendo-lhe ser consagrado desde o nascimento (cfr. Êx. 13:2 e 34:19). O evangelista diz que o menino foi colocado em uma manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. A hospedaria, ou kân, era um abrigo rústico para os viajantes. O termo (manjedoura) refere-se à manjedoura fixa, que podia estar instalada numa gruta (segundo a tradição oral e o proto-evangelho de Tiago, n.º 18), ou o estábulo interno da habitação, onde, no rigor do inverno, se guardavam os animais; consistia num quarto construído em continuação da casa, numa puxada, em que podiam abrigar-se também pessoas com relativo conforto; e realmente isso ocorria, quando os lugares da casa já estavam todos tomados. A tradição (por falar-se em estábulo e mangedoura) enriqueceu a narrativa de Lucas com o pormenor lendário de que Jesus foi colocado entre um boi e um jumento. Inspirou-se a tradição também em Isaías (1:3) e em Habacuc (3:2), de acordo com o texto dos Septuaginta e da Ítala: serás conhecido nomeio de dois animais, (cfr. Orígenes, Patrol. Graeca, vol. 13, col. 1832 e Jerônimo, Patrol. Lat. vol.22, cal. 884). De acordo com os comentários acima, não era praxe romana a exigência de que os cidadãos se locomovessem para ser recenseados na cidade de seu nascimento. Eminentemente práticos, desejando sempre eficiência e rapidez nos resultados, não podiam ficar sujeitos a grandes movimentações de massas populares, que retardariam os negócios. Pequenos comerciantes e agricultores não poderiam abandonar seus campos e suas lojas para transladar-se (com que recursos?) a localidades por vezes distantes, para simplesmente submeter-se a um censo. Seria uma exigência impraticável até mesmo na época moderna, com a facilidade de transportes. Imaginemos uma ordem dessas em nossos dias: quase a totalidade dos brasileiros teria que transladar-se para a Europa ou a África, para serem recenseados... Não seriam os juristas (e que juristas!) romanos que determinariam esse absurdo, há dois milênios. José teria que viajar três dias a pé, abandonando seus afazeres, e isso só porque um de seus ascendentes nascera em Belém, havia mais de MIL ANOS! E por que não teria de ir a Ur, na Caldéia, onde nascera seu ascendente Abraão?.

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