OS SINÓPTICOS E A INSPIRAÇÃO ESPIRITUAL

ESTUDOS DO EVANGELHO À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
INTRODUÇÃO - PARTE VI - OS SINÓPTICOS E A INSPIRAÇÃO ESPIRITUAL

Mateus, Marcos e Lucas seguem, de tal forma, o mesmo plano e desenvolvimento, que podem ser abarcados num só olhar (ópticos) de conjunto (sin) . Verifica-se com facilidade que Mateus foi o primeiro a publicar o seu, tendo Marcos resumido a seguir. Muitos outros seguiram o exemplo desses dois, tendo aparecido talvez uma centena de resenhas dos atos do Mestre. Foi quando Lucas resolveu, conforme declara, organizar uma narração escoimada de falhas.
Aceitamos que a Bíblia, e de modo particular o Novo Testamento, tenham sido inspirados, direta e sensivelmente, por Espíritos, se bem que nem todos com a mesma elevação. Pedro, com toda a sua autoridade de Chefe do Colégio Apostólico, afirma categoricamente, referindo-se aos escritores do Velho Testamento: "homens que falaram da parte de Deus, e que foram movidos por algum Espírito Santo" (2 Pe. 1 :21) . E ainda: "o Espírito de Cristo, que estava neles, testificou" (1 Pe. 1: 11) .
E no discurso de Estêvão, narrado em Atos 7:53, o proto-mártir afirma: ."vós que recebestes a Lei por Ministério de Anjos", isto é, por intermédio de Espíritos.
Tudo isso é normal e comum até nossos dias. Mas, desconhecendo a técnica, cientificamente estudada e experimentada por sábios e pesquisadores espiritualistas, a partir de Allan Kardec, os comentadores se perdem em divagações cerebrinas. Ao invés de admitir a psicografia (direta, mecânica ou semimecânica) e a psicofonia (total ou parcial), a evidência, ficam a conjeturar como pode ter-se dado o fato, chegando a afirmar que as pedras da Lei foram realmente escritas pelo dedo de Deus (Dr. Tregelles, Introdução ao N.T.).
Mais modernamente, Joseph Angus (Historiador,.Doutrinador e Interprete da Bíblia), escreve: notam-se, nas diversas partes da Bíblia, no conteúdo e no tom, diferenças evidentes; têm sido feitas distinções entre inspiração de direção e inspiração de sugestão; entre a iluminação e o ditado; entre influência dinâmica e influência mecânica. Vê-se que já se está aproximando da realidade, mas o desconhecimento dos estudos modernos o faz ainda titubear.
Ainda a respeito da inspiração, perguntam os teólogos se a inspiração da Bíblia deve ser considerada VERBAL (isto é, que todas as suas PALAVRAS tenham sido inspiradas diretamente por Deus naturalmente no original hebraico ou grego), ou se será apenas IDEOLÓGICA. Faz-se então a aplicação: em Tobias, 11:9, é dito: "então o cão que os vinha seguindo pelo caminho, correu adiante, e como que trazendo a notícia, mostrava seu contentamento abanando a cauda". Pergunta-se: é de fé que o cão abane a cauda quando está alegre? E respondem: não, mas é de fé que naquele momento, um cão abanou a cauda...
Não era assim que pensava Jesus, quando dizia que o "espírito vivifica, a carne para nada aproveita"; nem Paulo, quando afirmava: "não somos ministros da letra (escravos da letra) , mas do espírito", pois "a letra mata, mas o espírito vivifica" (2 Cor. 3:6). E aos Romanos: "de sorte que sirvamos na novidade do Espírito, e não na velhice da letra" (Rom. 7:6.). E mais ainda: quando, em o Novo Testamento se cita o Velho, a citação é sempre feita ad sensum (isto é, pelo sentido) , e não ad lítteram (literalmente), e quase sempre pela tradução dos Setenta, e não pelo original hebraico, embora fossem judeus.

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