A 3ª TENTAÇÃO DE JESUS - O ORGULHO


ESTUDOS DOS EVANGELHOS À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
[PASTORINO-KARDEC]
103 – A TENTAÇÃO DE JESUS 
103. 12 – A 3ª TENTAÇÃO DE JESUS - O ORGULHO-JULGAR-SE MELHOR QUE OS OUTROS.

3.ª TENTAÇÃO - Esta é a experimentação que as criaturas encarnadas (presas à personalidade, crucificadas no quaternário inferior) têm maior dificuldade em superar. Não é mais no duplo etérico, com as sensações; nem no astral, com as emoções, mas no mais terrível de todos os adversários, maior que os prazeres (sensações), maior que a vaidade (emoções): trata-se do INTELECTO, isto é, do ORGULHO de julgar-se melhor que os outros. Daí parte a oposição máxima, não mais no mesmo plano, de ser diferente, mas num plano acima, de ser superior. Todas as criaturas se julgam ACIMA DOS OUTROS. Pode tratar-se de um ignorante: há um ponto em que não cede, há sempre um aspecto em que ninguém o iguala.. Por ínfima que seja a criatura, embora reconhecendo a superioridade de outrem num ou noutro pormenor, descobre sempre algo em que ninguém lhe é superior. Daí a crítica e o julgamento que sempre todos nos acreditamos autorizados a fazer. E a ambição orgulhosa do mando ataca a todos, ao lado da ambição de posses materiais (riquezas) que lhes dê prestígio e superioridade no mundo material, para garantir-lhe a força da superioridade. Todos querem ter mais e melhor do que o vizinho. Se o não conseguirem, não importa: são mais educados, mais generosos, mais inteligentes, mais fortes, mais saudáveis, ou gozam de amizades mais ilustres, qualquer coisa se arrumará, pela qual eles não se trocam pelo fulano... Comum é que o chefe religioso venha a ambicionar logo a seguir o domínio político, para ampliar sua ascendência sobre as massas e fazer crescer sua autoridade carismática, outorgada por Deus. Os meios para consegui-lo não lhe ferem o escrúpulo. E uma vez guindados ao poder, não mais desejam apear. Nem sempre isso ocorrerá visando a uma nação: pode ser apenas pequeno grupo e até uma família reduzida. Isso explica o desgosto dos pais ao verem seus filhos crescerem e se independizarem. Daí a rebeldia dos filhos, em certa idade, sentindo também a tentação do mando, pretendendo derrubar os pais do pedestal em que se encontram. Provenientes desse messianismo do poder, os ditadores, da direita, da esquerda ou do centro cercearem a liberdade dos súditos, certos de que só eles, e os que os aplaudem, são iluminados, têm sabedoria e compreensão, constituindo os outros um rebanho sem espírito. Desconhecem que cada criatura tem Deus dentro de si: para eles, Deus está só com eles, porque eles são os protegidos, colocados pela Divindade acima de todos os mortais. Não estamos falando de alguns homens, mas de TODAS AS CRIATURAS HUMANAS. Sem exceção, somos todos experimentados nesse setor. Para superar essa tentação há um só remédio: o auto sacrifício, não mais adorando a personalidade (satanás), mas unicamente cultuando a Deus que está DENTRO DE NÓS, como também DENTRO DE TODAS AS CRIATURAS: moços e velhos, homens maduros e crianças, mulheres e homens, brancos e negros, ignorantes e sábios, santos e criminosos. Quando compreendermos e sentirmos isso, sacrificaremos nosso personalismo, e ligaremos nosso espírito ao EU REAL. Colocaremos a personalidade em seu lugar, submetendo-a, como o fez Jesus: rende-te, satanás, submete-te à individualidade!
Prestar culto à personalidade (satanás) é IDOLATRIA, e praticar a idolatria é, seguindo as Escrituras, pecar por adultério contra Deus. O Espirito tem que estar ligado ao EU REAL e não à personalidade; se ele se afasta do primeiro para ligar-se ao segundo, está cometendo adultério, está separando o que Deus uniu (O que Deus uniu o homem não separe Mat. 19:6 e Mc. 10:9). Só o sacrifício, com a submissão do eu menor, é que pode conferir a vitória sobre o orgulho da personalidade, que desejaria dominar e submeter a si a individualidade, pedindo: adore-me! Quando, porém, o homem vence as três etapas, dominando as sensações, as emoções e o intelecto, ele vê que os anjos de Deus vêm servi-lo, e o eu menor (satanás o antagonista), se retira vencido, até o momento oportuno, porque outras provas ainda virão, todas elas ensinadas nos Evangelhos.

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