A AUSENTE - A MORTE DE UM SER QUERIDO
* Não permita que sua dor, seja ela causada pelo motivo que for, o impeça de
perceber a beleza de cada momento. Não deixe que suas lágrimas, por mais
sentidas e justas que sejam, turvem sua visão, impossibilitando que seus olhos
vejam a vida com clareza e serenidade. Dedique aos amores que partiram
pensamentos otimistas e repletos de confiança no reencontro futuro, sem
desespero nem revolta. Se hoje, na sua rotina, pareceu-lhe que ninguém notou a
dor que lhe invadia intensamente o peito, saiba que nada, nem mesmo nossas
angústias, passam despercebidas ao Pai. Confie, persista e prossiga, sempre! * Pense
nisso!
Há várias espécies de dores capazes de atingir os corações
humanos. Qual a mais intensa? Parece-nos
ser aquela que estamos sentindo no momento. Temos o costume de esquecer o
passado e valorizar o sentimento presente como se nada de pior já tivesse
acontecido, ou pudesse vir a acontecer. Isso é uma tendência muito natural do
ser humano. Mesmo assim, existem sofrimentos que se distinguem dos outros, e assumem
perante a maioria das criaturas uma condição de maior gravidade. A morte de um
ser querido, por exemplo. Não há quem não se comova, sofra, sinta
verdadeiramente quando um ser amado abandona o envoltório corporal e parte para
outro plano da vida. Pouco importa se a desencarnação foi repentina, ou não; se
foi violenta, ou serena. Não interessa se aquele que partiu já contava com
avançada idade, ou se ainda era jovem. Não há como mensurar essa espécie de dor.
E cada um a sente, e reage a ela, de forma diversa. Há aqueles que se entregam,
blasfemam e se revoltam. Há outros que choram, mas que aceitam, envolvendo suas
dores no bálsamo da prece e da fé. Há, ainda, os que buscam modos nobres e
belos para render novas homenagens àqueles que já se foram. Assim parece-nos
ter agido o poeta Augusto Frederico Schmidt, que toca nossos corações com os
seguintes versos:
"Os que
se vão, vão depressa,
Ontem,
ainda, sorria na espreguiçadeira.
Ontem dizia
adeus, ainda da janela.
Ontem
vestia, ainda, o vestido tão leve cor-de-rosa.
Os que se
vão, vão depressa.
Seus olhos
grandes e pretos há pouco, brilhavam.
Sua voz doce
e firme faz pouco ainda falava.
Suas mãos
morenas tinham gestos de bênçãos.
No entanto
hoje, na festa, ela não estava.
Nem um
vestígio dela, sequer.
Decerto sua
lembrança nem chegou, como os convidados,
Alguns,
quase todos, indiferentes e desconhecidos.
Os que se
vão, vão depressa
Mais
depressa que os pássaros que passam no céu,
Mais
depressa que o próprio tempo,
Mais
depressa que a bondade dos homens,
Mais
depressa que os trens correndo, nas noites escuras,
Mais
depressa que a estrela fugitiva que mal faz traço no céu.
Os que se
vão, vão depressa.
Só no
coração do poeta, que é diferente dos outros corações,
Só no
coração sempre ferido do poeta
É que não
vão depressa os que se vão.
Ontem ainda
sorria na espreguiçadeira,
E seu
coração era grande e infeliz.
Hoje, na
festa ela não estava, nem sua lembrança.
Vão depressa,
tão depressa os que se vão ..."
***
FONTE: Equipe de Redação do Momento Espírita.
Comentários