A VISITA DE JESUS AO TEMPLO - ANÁLISE ESPÍRITA


ESTUDO DOS EVANGELHOS A LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA [PASTORINO-KARDEC]

70.2 - A VISITA DE JESUS AO TEMPLO - ANÁLISE ESPÍRITA

A anotação de Lucas (prescindindo das particularidades narradas por Mateus) ensina-nos que o Homem-Novo se recolhe à Galiléia (jardim fechado) consagrando-se ao Senhor. Nesse ambiente, o espírito, embora menino, cresce e se fortifica, enchendo-se de Sabedoria e aprofundando-se cada vez mais em seu coração, conquistando (tomando de assalto, Mat. 11:12) o Reino de Deus, e imergindo na benevolência divina que o envolve. Ao completar doze anos de consagração íntima a Deus, e preparação pessoal, o menino vai pela vez primeira enfrentar o grande centro religioso. Por que aos doze anos?. O arcano 12 tem profundo significado: no plano superior simboliza os messias ou enviados; no plano humano exprime o holocausto, o sacrifício de si mesmo em benefício da coletividade. O sacrifício é sempre feito no plano da matéria (os 12 signos zodiacais), que é especializado para a experimentação e provação dos espíritos, único plano em que estes recebem o impulso indispensável para a subida. O evangelista anota que Jesus SUBIU para Jerusalém (que significa visão da paz). Se é verdade que Jerusalém estava construída no alto de um monte, não o é menos que para ver-se a paz verdadeira é mister subir vibracionalmente ao plano do espírito. Seus pais José e Maria (isto é, os que conseguiram o nascimento do menino, o intelecto e a intuição) são chamados aos seus afazeres, e DESCEM de Jerusalém para o mundo de lutas (plano adversário, ou diabólico). Repentinamente, dão por falta do Cristo, de quem perderam o contato. Aí começa ansiosa busca entre parentes e conhecido (talvez voltando ao antigo hábito de orações a santos e guias). Mas não no encontram. São então forçados a voltar a Jerusalém, a reingressar na visão da paz, e só depois de algum tempo (três dias) de permanência nesse estado de meditação, é que o surpreendem novamente no Templo, ou seja, no local sagrado onde habita a Centelha Divina: o coração, templo de Deus, Tabernáculo do Espírito Santo.

O intelecto e a intuição alegram-se ao reencontrá-lo, e o recriminam por haver desaparecido. A resposta é exata: onde me encontraríeis, senão neste templo interior do coração, senão no que é de meu Pai? Então, para que procurar? Já sabemos todos onde encontrá-lo. Depois, mais firmes na fé, unidos mais do que nunca ao Cristo Interno, compreendem que deverão voltar ao mundo levando-o consigo, sem distrair-se com parentes e conhecidos. Lidando no mundo sem perder contato com Deus em nossos corações. E é isso o que faz a intuição, que tudo percebeu, e guardou tudo o que ocorreu em seu coração, em seu registro íntimo. E no versículo final está resumida toda a ascensão sublime: Jesus progredia no tríplice aspecto: da individualidade (sabedoria), da personalidade (maturidade) e da divindade (benevolência = amor), não só em relação a Deus, como em relação aos homens. É o progresso que temos que perlustrar: avançar sempre, conquistando cada vez mais nos três campos.

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