ANALISE ESPÍRITA DA 2ª TENTAÇÃO DE JESUS - AMBIÇÃO DE PODERES MÁGICOS.

ESTUDOS DOS EVANGELHOS À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
[PASTORINO-KARDEC]
103 – A TENTAÇÃO DE JESUS 
103. 11 – A 2ª TENTAÇÃO DE JESUS- AS VAIDADES- O DESEJO DE SER CHEFE DE ALGUM GRUPO OU SEITA- MÉDIUNS INVIGILANTES – AMBIÇÃO DE PODERES MÁGICOS.

2.ª TENTAÇÃO - A vaidade própria do eu personalístico que se julga separado, diferente, e sempre (são raríssimas as exceções!) superior a todos os demais, é outra das mais difíceis provas a ser superada pelo espírito mergulhado na Cruz da personalidade (cruz, quatro pontas, significando o quaternário inferior).
Lançar-se do pináculo do templo (emoção de grandes efeitos mágicos) na certeza de que Deus o protege em tudo, mesmo nas loucuras insensatas de pretensões vaidosas, por um privilégio a que se julga com direito. De fato, o desenvolvimento do corpo astral aguça as emoções e as hipertrofia de tal forma, que elas empanam o raciocínio equilibrado, toldam a razão, fazem perder o senso das proporções. Nas criaturas emocionalmente desequilibradas vemos a ânsia de operar milagres; a rebelião contra a autoridade da Razão superior, a pretensão egocêntrica de que ele sabe e os outros são ignorantes; a ambição de possuir poderes para comandar movimentos religiosos; o desejo de ser chefe espiritual ou religioso, nem que seja de um pugilo de criaturas que se fascinam por suas palavras, e as acompanham cegamente, tributando-lhes elogios a cada palavra que proferia, e que ele aceita, com gratidão, porque lhe acaricia a vaidade. Essa a razão de vermos, desde que a história regista os acontecimentos da sociedade humana, essa constante fragmentação religiosa, que se opera logo após o desaparecimento do Mensageiro divino que as revelou. Numerosas são as criaturas que se julgam taumaturgos, com poderes sobre os anjos e, rebelando-se contra o meio ambiente, instituem a própria seita. Daí verificarmos que esses homens não defendem ideias novas, divulgando-as em estudos e pesquisas impessoais, mas antes, querem logo iniciar grupos novos e dissidentes, dos quais passam eles ser o chefe, o cabeça. Quantas heresias se multiplicaram nos primeiros séculos do cristianismo, quantas seitas pulularam nos meios evangélicos, quantos movimentos teosóficos e rosa-cruzes que se combatem, quantos milhares de centros espíritas se fragmentam do pensamento original, criando inovações, quase nunca com sentido lógico, quase sempre sem razão de ser; mas o móvel subconsciente e o desejo de chefiar alguma coisa, de separar-se do grupo, de concorrer demonstrando gozar de proteções especiais do mundo espiritual. Não é esta uma característica apenas das criaturas encarnadas: também os desencarnados que carregam para além do túmulo, no espírito, seus defeitos personalísticos, também eles gostam muito de criar seus grupinhos, onde possam pontificar, conseguindo no mundo astral o que não conseguiram na Terra; aproveitam médiuns invigilantes, e aí temos outra facção a surgir. E é típico exigirem .separação., proibirem estudos e leituras, colocando livros no índex particular, e garantindo que a .salvação. (ou pelo menos especiais privilégios) só se dará dentro daquele pugilo. Como isto se passa no mundo material, que é o mundo da divisão, é natural que arrastem após si todos os que sintonizam com o separatismo, cedendo à tentação de atirar-se do pináculo do templo da Verdade, para os labirintos barônticos do personalismo satânico. Outro ângulo dessa tentação é a ambição de poderes mágicos, a crença de que gestos e atos físicos criem efeitos espirituais; a pretensão de dominar espíritos e elementais, sem pensar nos resultados que daí possam advir. Os poderes ocultos, que envaidecem e separam as criaturas, é aspecto importante dessa prova de fogo por que todos os que já desenvolveram o corpo emocional (astral) têm que passar. O combate a essa tentação, isto é, a vitória sobre essa prova, esse exame - a que só é submetida certa classe de pessoas mais evoluídas que as da anterior tentação porque já desenvolveram o corpo astral - é realizada com a auto renúncia do eu menor: não tentarás o Senhor teu Deus exprime, pois, não quererás ser superior ao teu EU REAL, não pretenderás exigir dele favores especiais nem quererás impor-te a ele. Renunciar à própria vaidade de querer ser chamado pai ou mestre (a ninguém na Terra chameis vosso pai, porque só UM é vosso Pai: aquele que está nos céus; nem queirais ser chamados mestres, porque um só é vosso mestre: o Cristo. Mat. 23:9-10), esse Cristo Interno que está dentro de TODOS, e não apenas de alguns privilegiados. Jesus deu-nos o exemplo típico dessa vitória: pregou um IDEAL, mas não chefiou nenhum movimento religioso; atendeu aos judeus, sem afastá-los de Moisés; socorreu à siro-fenícia, sem arrancá-la de seus ídolos; elogiou o centurião romano, sem exigir o seu repúdio a Júpiter; e, no exemplo da caridade perfeita, citou o samaritano, de religião diferente da Sua. E de tal forma renunciou à Sua personalidade, que o Cristo agiu plenamente através dele (Nele habitou corporalmente toda a plenitude da Divindade. Col. 2:9) de tal maneira, que, durante séculos, foi Ele confundido com o próprio Deus. E isso foi conseguido com o Seu mergulho humilde nas águas da matéria, na Sua encarnação como ser humano: aniquilou-se tomando a forma de servo, feito semelhante aos homens e, sendo reconhecido como homem, humilhou-se, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. (Filip. 2:7-8).

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