INTERPRETAÇÃO ESPÍRITA DO MESSIAS

ESTUDO DOS EVANGELHOS À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
[PASTORINO-KARDEC]
100 - ANÚNCIO DO MESSIAS
100.3 – INTERPRETAÇÃO ESPÍRITA DO MESSIAS

O esclarecimento de João é taxativo e indiscutível: ele se dirige à personalidade exterior, aos planos do quaternário transitório (corpo físico, etérico, astral e intelecto), pedindo nova direção para este último e mergulhando na água o corpo físico, para que dela renasça a nova criatura. Mas o outro, o Messias real, agiria na individualidade eterna, no trio superior, que ele mergulharia no espírito santificado e no fogo do Eu Supremo, colocando-o em contato com o Cristo Interno, com o Deus residente em cada um.
Jesus viria com a pá em sua mão: ao celeiro divino do Cristo recolheria os maduros, ao passo que os imaturos seriam lançados ao fogo inextinguível de novas encarnações expiatórias, até que atingissem pleno amadurecimento.
Vemos, pois, duas qualidades de fogo, embora sejam ambas as qualidades o mesmo fogo. Se aquele que mergulha no fogo divino está preparado, ficara inflamado pelo fogo do amor; se não no está, é consumido de dores e purificado dos carmas, queimando as impurezas. O mesmo se passa com o trigo: enquanto a palha e devorada pelo fogo, transformando-se em cinza, o grão moído, preparado e temperado é cozinhado pelo mesmo fogo, produzindo o saboroso e nutritivo pão que doura nossas mesas. O fogo é o mesmo: o efeito diferente depende da diversidade dos materiais que nele são colocados. Num provoca a destruição, noutro a criação de novas virtudes; num consome ilusões inúteis e vãs, no outro salienta as qualidades; num aniquila o mal que prejudica e atrasa, no outro prepara o alimento que sustenta e que, bem aproveitado, será assimilado ao Cristo (como o pão o é ao corpo), passando a constituir UM com Cristo, assim como Cristo é UM com Deus; ou seja, é recolhido ao celeiro.
E João, como personalidade, SABE que por maior que seja jamais poderá chegar aos pés da individualidade: e a expressão desatar-lhe as correias de suas sandálias exprime bem a ideia: por mais alto que esteja pela cultura e pelo conhecimento teórico nunca chegará ao limiar da individualidade, se não realizar o encontro íntimo, por meio do Cristo.

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