JOÃO BATISTA A REENCARNAÇÃO DE ELIAS

ESTUDO DOS EVANGELHOS A LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA[PASTORINO - KARDEC
80.2 - JOÃO BATISTA A REENCARNAÇÃO DE ELIAS
Luc. 3: 1-6, Mat. 3:1-16 e Marc, 1 -1-6

A expressão grega utilizada, geralmente traduzida para remissão dos pecados, tem, na realidade, o sentido de "para rejeição dos erros", Com efeito é rejeição, repúdio, afastamento; e tem o significado muito mais vasto que pecados: é o erro em geral, qualquer erro. Pelos demais textos do Novo Testamento, verificamos que esse é o melhor sentido para essa expressão. Interessante observar que Mateus emprega constantemente (31 vezes) reino dos céus, que nos demais evangelistas aparece como reino de Deus (que Mateus só usa 4 vezes). Ambas se equivalem. Como o nome Inefável não devia ser pronunciado, a ele se substituía a palavra Céus, no plural (no hebraico, shamaim e no aramaico shemata só havia a forma do plural). Mateus, mais arraigadamente judeu, evitava o emprego do tetragrama, escrúpulo abandonado pelos outros escritores. O texto é de Isaías (40: 3), extraído dos Septuaginta, e em Lucas aparece mais completo (40:3-5). Isaías referia-se literalmente à intervenção de Ciro, com seu edito de 538 A.C., considerado um messias, por haver salvo os israelitas do cativeiro da Babilônia. Mas Lucas emite a primeira parte do versículo 5, que, completo, diz: e a Glória de Yahweh se manifestará e toda carne (todo homem) juntamente o verá. Marcos, sob o nome de Isaías cita no versículo 2 o texto de Malaquias (3:1), com o qual emenda a citação de Isaías. O que diz Malaquias confirma que João Batista é a reencarnação de Elias. E as palavras de Isaías referem o que se costumava fazer para preparar o caminho dos reis que iam visitar as cidades de seu reino: tornar mais retas as veredas, aterrar os vales, aplainar os montes e outeiros, tirar as pedras do caminho, etc. Tudo isso pode ser interpretado moralmente, no sentido de preparar os homens para receber as verdades que Jesus viria pregar. Mateus e Marcos dão-nos a descrição física do arauto. Usava uma veste de pelo de camelo. A palavra veste compreende as duas peças principais, a túnica e o manto. A túnica era presa aos rins por um cinto de couro. Esse era exatamente o trajo de Elias, que trazia um cinto de couro para. prender a túnica de pelo de camelo (2.º Reis, 1:7-8) e além disso levam-nos a confirmar a crença de que João era realmente essênio. Quanto à alimentação, fala-se em gafanhotos e mel silvestre. Os beduínos e nômades de Amman e de Petra ainda hoje utilizam esse alimento casualmente: tiram a cabeça, as patas e as asas, assam o gafanhoto sobre brasas, e dizem que não é desagradável ao paladar. Mateus afirma que muitos eram mergulhados, confessando seus erros, coisa que se explica pela exaltação religiosa, não rara em movimentos de alto teor místico.

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