O QUE DIZEM OS EVANGELHOS SOBRE O MERGULHO DE JESUS


ESTUDO DOS EVANGELHOS A LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA 
[PASTORINO-KARDEC]
102 - O MERGULHO DE JESUS[BATISMO]
102.1 – O QUE DIZEM OS EVANGELHOS SOBRE O MERGULHO DE JESUS
Mat. 3:13-17
13. Depois veio Jesus da Galileia ao Jordão ter com João, para ser mergulhado por ele;14. Mas João objetava-lhe: “Eu é que preciso ser mergulhado por ti e tu vens a mim”?; 15. Respondeu-lhe Jesus: “Deixa por agora; porque assim nos convém cumprir toda justiça”. Então ele anuiu; 16. E Jesus tendo mergulhado, saiu logo da água; e eis que se abriram os céus e viu o espírito de Deus descer como pomba sobre ele; 17. e uma voz dos céus disse: “Este é meu filho amado, com quem estou satisfeito”.
Marc. 1: 9-11
9. Naqueles dias veio Jesus de Nazaré da Galileia, e foi mergulhado por João no Jordão; 10. Logo ao sair da água, viu os céus se abrirem e o espírito, como pomba, descer sobre Ele; 11. E ouviu-se uma voz dos céus: “Tu és meu Filho amado, estou satisfeito contigo”.
Luc. 3:21-22
21. Quando todo o povo havia sido mergulhado, tendo sido Jesus também mergulhado, e estando a orar, o céu abriu-se; 22. e o espírito santo desceu como pomba sobre ele em forma corpórea, e veio uma voz do céu: “Tu és meu Filho amado, estou satisfeito contigo.”

Pela cronologia que estudamos, o Mergulho de Jesus deve ter ocorrido cerca de dois a três meses antes da Páscoa do ano 29 (782 de Roma), tendo Jesus perto de 35 anos (Santo Irineu, Patrologia Graeca, vol. 7, col. 783 e seguintes, diz que no batismo tinha Jesus 30 anos; no início de sua missão, 40 anos; e à sua morte, 50 anos; baseia-se em motivos místicos e em João 8:57). A expressão de Lucas cerca de 30 anos apenas serve para justificar que Jesus já tinha a idade legal (30 anos) para começar sua vida pública. As igrejas orientais celebram, desde o 4.º século, a data do mergulho a 6 de janeiro, no mesmo dia em que comemoram a visita dos magos ou epifania (Duchesne, Origines du culte chrétien, 4.ª edição, páginas 263 e 264). Pela tradição, parece que o ato foi celebrado na margem direita (ou ocidental) do Jordão, nas cercanias de Jericó. Os Pais da igreja buscam razões para o mergulho ou batismo de Jesus: para dar exemplo ao povo; por humildade; para autorizar o mergulho de João, aprovando-o: para provocar o testemunho do Espírito, revelando-se ao Batista; para santificar as águas do Jordão com sua presença e com os fluídos que saíam de seu corpo; para confirmar a abolição do rito judaico do batismo; para aprovar o rito joanino, etc. João procurou evitar o mergulho de Jesus. O verbo diekóluen está no imperfeito de repetição: .esforçava-se por evitá-lo, com várias razões, dizendo: eu é que devo ser mergulhado por ti. João conhecia Jesus perfeitamente. Com efeito, sendo Isabel e Maria parentas (primas?), tendo Maria se apressado a visitar Isabel em sua gravidez, e com ela morando durante três meses, é evidente que as relações entre as duas famílias eram de intimidade, e Jesus e João se hão de ter encontrado várias vezes, embora, pela prolongada ausência de Jesus (dos 12 aos 35 anos) e pela estada de João no deserto, talvez se não tivessem visto nos, últimos anos. A resposta de Jesus é incisiva: deixa por enquanto. A necessidade, salientada por Jesus, de cumprir toda justiça, tem o sentido de realizar tudo o que está previsto com justeza, ou fazer tudo direito como convém. E João anuiu, realizando o mergulho de Jesus, com o que demonstrou também verdadeira humildade (não a falsa humildade, que se recusa a ajudar um superior, dando-se como indigno...): houve a tentativa de recusa sincera, mas logo a seguir, dadas as razões, houve anuência, sem afetação.

Comentários