OS ENSINOS DE JOÃO BATISTA

ESTUDO DOS EVANGELHOS A LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
[PASTORINO-KARDEC]
90 - INSTRUÇÕES DE JOÃO BATISTA 
90.4 – OS ENSINOS DE JOÃO BATISTA

Continuando, aparece em frase vigorosa e imagem de rara felicidade literária, a figura do lenhador, com o machado já em posição de derrubada, para desarraigar as árvores que não produzem bons frutos, a fim de transformá-las em lenha. Não há tempo a perder: é hora de apressar-se, para que não seja tarde demais.
Lucas prossegue, exemplificando os ensinamentos de João, dando-nos três respostas típicas:
a) ao povo - ajudar e servir, distribuindo o que for supérfluo, com os que necessitam. Para que duas túnicas, se só vestimos uma de cada vez? E, tendo uma guardada em casa, veremos sem remorsos alguém que está nu a nosso lado? E tendo comida, deixaremos o nosso próprio eu em outro corpo a morrer à míngua?
b) aos publicanos (cobradores de impostos) - não cobrar mais do que está prescrito, isto é, limitar-se à justiça.
c) aos soldados - não fazer violência nem dar denúncia falsa, assim como satisfazer-se com o que ganha.
São, como vemos, ações externas, da personalidade, o mínimo que se pode exigir de quem deseje progredir.
Embora nada disso constitua ascensão espiritual, todavia é a preparação para ela: o andaime não é a casa, mas sem aquele, esta não se ergueria do chão.
O que João pede é: a) divisão fraterna dos bens; b) justiça nas cobranças; c) energia sem violência; d) não caluniar ninguém; e) conformar-se sem ganância.
Aos humildes (povo, pecadores, soldados) dirige-se com brandura, bem diversa das invectivas contra os poderosos (saduceus) e os vaidosos (fariseus). Apresenta os conceitos de dever, sem exagerar nos direitos, sem prejudicar ninguém, sem abusos. Em resumo: caridade e justiça, como pregava Isaías: dividir o pão com o faminto, abrigar os pobres sem teto, vestir os nus, não furtar-se aos deveres diante dos irmãos. (Is.58:7).

Comentários