VISITA AO TEMPLO POR JESUS[AOS 12 ANOS DE IDADE] - O ENTENDIMENTO DE LUCAS

ESTUDO DOS EVANGELHOS A LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA [PASTORINO-KARDEC]
70.1 VISITA  AO TEMPLO POR JESUS[AOS 12 ANOS DE IDADE]  -  O ENTENDIMENTO DE LUCAS

Luc. 2:40-52
40. E o menino crescia e fortificava-se, enchendo-se de sabedoria, e a benevolência de Deus estava sobre ele; 41. Seus pais iam anualmente a Jerusalém, pela festa da Páscoa; 42. Quando o menino tinha doze anos, subiram eles, conforme o costume da festa; 43. e findos os dias da festa, ao regressarem, ficou o menino Jesus em Jerusalém. sem que o soubessem seus pais; 44. Mas estes, julgando que ele estivesse entre os companheiros de viagem, andaram caminho de um dia, procurando-o entre os parentes e conhecidos; 45. e não no achando, regressaram a Jerusalém à procura dele; 46. Três dias depois o encontraram no Templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os; 47. e todos os que o ouviam, muito se admiravam de sua inteligência e de suas respostas; 48. Logo que seus pais o viram, ficaram surpreendidos, e sua mãe perguntou-lhe: “Filho, por que procedeste assim conosco? Teu pai e eu te procuramos aflitos”; 49. Ele lhes respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devia estar no que é de meu Pai”?; 50. Eles porém não compreenderam as palavras que ele dizia; 51. Então desceu com eles e foi para Nazaré e estava-lhes sujeito. Mas sua mãe guardava todas estas coisas em seu coração; 52. E Jesus progredia em sabedoria, em maturidade e em benevolência (amor) diante de Deus e dos homens.

Lucas coloca o regresso a Nazaré logo após a apresentação ao Templo, ignorando por completo qualquer outro acontecimento. Diz-nos ele que o menino crescia e fortificava-se (na parte física) enchendo- se de sabedoria (na parte intelectual). Alguns manuscritos acrescentam fortificava-se em espírito. O interessante a notar é que o evangelista salienta que o desenvolvimento da personalidade de Jesus se processava normalmente: não possuía a sabedoria total infusa, mas a adquiria aos poucos. Essa opinião é acatada por certos autores, como Cirilo de Jerusalém (Patrol. Graeca, vol. 75, col. 1332) e Tomás de Aquino (Summa Theologica, III, q. XII, a. 2). Explicam que, como homem (como personalidade) Jesus progrediu segundo as leis naturais, crescendo seu conhecimento concomitantemente com o corpo. A lei mosaica ordenava que todos os homens que chegassem à idade da puberdade deveriam visitar o Templo de Jerusalém três vezes por ano: na Páscoa, no Pentecostes e na festa dos Tabernáculos (Ex.23:14-17; 34:23 e Deut. 16:16), preceito que não incluía as mulheres. A ida de Jesus aos doze anos não era ainda obrigatória, de vez que só aos quinze o homem se tornava realmente israelita ou filho do preceito (bar misheváh).
A festa da Páscoa durava sete dias, finalizando com grande solenidade (Ex. 12:15 ss; Lev. 23:5 ss; e Deut. 16:1 ss). O menino, com doze anos e muita inteligência, não era vigiado. Assim, ao organizar-se o primeiro acampamento à noite, na viagem de regresso, José e Maria deram por falta dele. Não o acharam entre os parentes e amigos. No dia seguinte regressaram a Jerusalém, observando outros grupos que saíam da cidade e não no encontraram durante todo aquele dia, nem mesmo na casa de conhecidos. No terceiro dia, resolveram ir ao Templo, e lá o descobriram, sentado entre os doutores (ou melhor, entre os mestres - didáskaloi). As perguntas que lhes fazia, e as respostas que lhes dava, encheram os velhos mestres de admiração e estupor, em vista da sabedoria muito acima de sua idade, que ele revelava. Os pais também ficaram atônitos, tanto pela cena que presenciavam, como pelo modo de agir com eles. Vem a frase de repreensão de Maria, que, falando a Jesus a respeito de José (única vez que isto acontece) lhe dá o título de pai: teu pai e eu. Jesus responde. São as primeiras palavras Suas que este Evangelho reporta. A resposta é incisiva e esclarecedora: ele precisava estar no que era de Seu pai. Há três interpretações da expressão grega 1.ª) no que é de meu Pai; 2.ª) na casa. de meu Pai; 3.ª) nos negócios de meu Pai. Ao regressar a Nazaré, Jesus estava sujeito a seus pais (obediência), desenvolvendo-se gradativamente na parte intelectual (sabedoria), na parte psíquica e emocional (maturidade) e na parte moral e espiritual (benevolência ou amor) .

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