A PÁSCOA DE TODOS • J. Herculano Pires (Irmão Saulo)

A PÁSCOA DE TODOS • J. Herculano Pires (Irmão Saulo)

Todos ressuscitaremos, como afirmou o apóstolo Paulo na primeira carta aos coríntios. A mensagem poética de Cid Franco nos traz a confirmação disso, nesta Páscoa de 1973, por duas maneiras. Dá-nos primeiro a prova da sua própria ressurreição e depois nos convida, a todos, para a ressurreição em Cristo. E para ilustrar numa visão histórica e mundial a realidade da ressurreição, mostra-nos o perigo do círculo vicioso das reencarnações, em que podemos cair pelo apego animal aos planos inferiores, sem a iluminação em Cristo.
Sobreviver após a morte é uma lei natural. Todos nós e todas as coisas estamos sujeitos a essa lei. Mas sobreviver em Cristo é superar essa exigência biológica para atingir os planos superiores do espírito. Não foi isso o que Jesus ensinou ao dizer: “Quem se apegar à sua vida perdê-la-á, mas quem a perder por amor de mim, esse a encontrará”?
O saudoso poeta de “À Procura de Cristo” e de “Trovas para o meu Senhor” continua a proclamar do além o que sustentava no aquém. Adverte-nos quanto ao perigo das máquinas devoradoras, da loucura tecnológica que enleia os povos nos tentáculos do polvo da ambição e ameaça-os com os cogumelos do extermínio. Convida-nos a vencer os alucinógenos da filosofia do imanente, dos tóxicos do pragmatismo, para podermos sobreviver na vida em abundância que o Cristo nos revela em sua ressurreição.
Páscoa quer dizer passagem e nós todos teremos a nossa páscoa individual ao passar desta vida para a outra. O poeta nos convida à Páscoa cristã – não a da passagem do mar Vermelho – mas a da travessia do mar vivo nas águas lustrais do Evangelho. 
Artigo publicado originalmente na coluna dominical "Chico Xavier pede licença" do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970. Reedição para 2014.

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