REENCARNAÇÃO E COMPLEXOS - J. Herculano Pires (Irmão Saulo)

REENCARNAÇÃO E COMPLEXOS - J. Herculano Pires (Irmão Saulo)

A descoberta do inconsciente levou Freud e seus discípulos a aprofundarem o problema dos complexos. Entre estes, o que mais se popularizou, por seu caráter dramático, foi o Complexo de Édipo, seguido do Complexo de Electra. Duas formas de conjuntos ídeo-afetivos que caracterizam os conflitos familiais. Muito antes da descoberta de Freud, já o espiritismo acentuava a importância do inconsciente, encarando as manifestações anímicas no campo da mediunidade.
Em abril de 1857, O livro dos espíritos colocava o problema do inconsciente e Freud nascera um ano antes. Isso não afeta em nada o valor e a significação dos trabalhos de Freud e seus sucessores. Mas é um dado histórico que coloca o espiritismo em posição muito cômoda no trato dos problemas psicológicos.
Na mensagem de Emmanuel temos a colocação do problema dos complexos em termos espíritas. Emmanuel acentua a importância da teoria da reencarnação para uma compreensão melhor e mais humana – sobretudo mais humana – dos chamados “complexos parentais”. Diz ele: “... as chamadas complicações edipianas outra coisa não representam senão os laços obscuros que entretecemos, ao enlear almas queridas no nosso carro sentimental...”
A interpretação de Jung, ligando complexos e arquétipos, justifica esta maneira de ver a questão. A criança já traria consigo o arquétipo da mãe, a ideia da “mãe eterna ou divina”, que é apenas despertada pela mãe concreta da atual existência.
O espiritismo devolve ao arquétipo de Jung a sua natureza humana. Não se trata da ideia da “mãe divina” (espécie de reminiscência platônica), mas da mãe real, concreta, de carne e osso, de uma existência anterior.
As pesquisas científicas de hoje sobre a reencarnação abrem novas possibilidades de compreensão dos conflitos entre pais e filhos. O espiritismo, por isso mesmo, se torna mais apto a ajudar a psicologia profunda na descoberta das raízes verdadeiras das situações parentais conflitivas.
Como veem os leitores, as mensagens psicográficas de Chico Xavier não têm apenas um sentido religioso e moralizante. Não raro elas penetram nas profundezas de problemas que nos acostumamos a olhar de maneira superficial, mesmo quando os tratamos de um ponto-de-vista que nos parece profundo.
Artigo publicado originalmente na coluna dominical "Chico Xavier pede licença"  do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970.

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