AS MARCAS DO CARMA • J. Herculano Pires (Irmão Saulo)

AS MARCAS DO CARMA •  J. Herculano Pires (Irmão Saulo)

Todos nós carregamos a marcas do carma. A palavra carma não pertence ao espiritismo, mas o seu uso se generalizou entre nós. Trata-se de um termo budista, de origem sânscrita. O seu uso é bastante prático, reduzindo a apenas cinco letras expressões como estas: consequências de vida anterior ou reações de atos praticados em vidas passadas. Esse o motivo principal de sua vulgarização no meio espírita. As marcas do carma podem ser elementos valiosos de identificação, nos casos de pesquisas científicas sobre a reencarnação.
Na mensagem de Emmanuel em questão, o problema central é o carma, mas a lição fundamental é o amor. Tratando dos filhos doentes, Emmanuel adverte: “Nunca te inclines a considerá-los transviados ou delinquentes.” Isso porque, em geral, consideramos as marcas do carma como castigos divinos. O espiritismo nos revela que não se trata disso, mas de consequências naturais do processo evolutivo do espírito.
O filho retardado ou possuidor de um defeito físico[EM PARTICULAR OS ESPECIAIS] não está sendo punido por Deus, mas pela sua própria consciência. O mau ato que praticou provoca-lhe um desequilíbrio energético na estrutura psíquica, e esse desequilíbrio reflete-se no organismo físico. São acidentes da evolução, semelhantes aos acidentes do trabalho em nossas atividades terrenas.
No livro do prof. Ian Stevenson, 20 casos sugestivos de reencarnação, podemos ver que os pesquisadores atuais confirmam plenamente essa explicação espírita. Um caso do Ceilão, por exemplo, o de Wijeratne Hami, que havia assassinado sua esposa a punhal na vida anterior e nascera com deficiência graves no braço e na mão criminosos, é eloquente prova nesse sentido. O prof. Stevenson não é espírita. É o diretor do Departamento de Neurologia e Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos.
O filho doente é sempre um companheiro de vida passada que volta ao nosso encontro pedindo auxílio e proteção. Não devemos encará-lo como criminoso, mas como um acidentado que merece socorro. Ajudando-o a se reajustar, com amor e carinho, ajudamo-nos também a nós mesmos, elevando-nos em nossa condição espiritual.
CHICO: UMA "APELAÇÃO"
Comentarista eclesiástico de um dos jornais da capital resolveu enfrentar o “caso” Chico Xavier. Descontente com a enorme repercussão da entrevista do médium, no Canal 4, no programa Pinga Fogo, dirigido por Almir Guimarães, afirmou que tudo não passa de “apelação”. Os espíritas, segundo ele, tendo perdido Arigó, agora “promovem o Chico”. E completa a sua suposição declarando que a parapsicologia prova que o fenômeno Chico Xavier é apenas a manifestação do inconsciente do médium.
Duas falsidades numa só crônica: não foram os espíritas que convidaram Chico para o Pinga Fogo, e a parapsicologia, pelo contrário, admite a comunicação mediúnica, fazendo perfeita distinção entre escrita automática e psicografia.
Os fenômenos de escrita direta e as gravações do “inaudível”, feita aos milhares pelo dr. Raudive na Alemanha e pelo dr. Giuseppe Crosa na Itália, além de outros, provam de sobejo que os espíritos se comunicam de maneira inequívoca. E se não fosse assim, o que seria das religiões nesta era científica?

Artigo publicado originalmente na coluna dominical "Chico Xavier pede licença" do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970.

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