DIANTE DA ATUALIDADE • Francisco Cândido Xavier


DIANTE DA ATUALIDADE • Francisco Cândido Xavier

Em face das presentes ocorrências do mundo, no tocante à paz, as guerras do passado e os conflitos da nossa época, imaginamos qual será nosso comportamento diante das grandes lutas da atualidade. Como agir contra a insegurança? De que modo assegurar a tranquilidade e os valores da existência? O Livro dos Espíritos na Questão 738 trata do problema da guerra, dos flagelos destruidores e da situação do homem diante desses acontecimentos. Os espíritos lembram a natureza espiritual do homem, que é imortal, e por isso mesmo não é afetada por essas destruições materiais. Para nosso esclarecimento final o espírito de Emmanuel escreveu a página ABRIGO. [contextualizado por Walter de Carvalho]

ABRIGO • Emmanuel

Nas grandes calamidades que irrompem na Terra, cada criatura pode construir o seu próprio refúgio.
Comumente no mundo interpretamos por abrigo a fatia de espaço fechado que destinamos aos serviços de proteção e segurança.
Entretanto, embora respeitemos os redutos a que se acolhem as multidões nas horas de crise, buscando a preservação própria, consideramos que ainda mesmo segregada em forte redoma, do ponto de vista material, a pessoa humana não está livre da trombose ou da parada cardíaca, do colapso nervoso ou da tensão emocional. Isso nos induz a reconhecer que em qualquer situação difícil, muito acima dos lugares de privilégio, precisamos de apoio íntimo que nos faculte serenidade e discernimento. Uma fortaleza na qual possamos colaborar dignamente na supressão do tumulto por fora, conservando a paz por dentro.
Não obteremos isso, porém, fugindo da realidade, mas enfrentando-a através da ação construtiva, de modo a descortinar-lhe todas as lições e aproveitá-las.
Nunca disporemos de asilo seguro, escondendo-nos em praias desertas, bojos metálicos, covas de pedra ou furnas da natureza.
O abrigo real de cada um está no íntimo de si mesmo.
A certeza de que não nos achamos sós nos campos do Universo, a confiança na sobrevivência do espírito além da morte, a fé na sabedoria da vida, a aceitação do dever de praticar o bem e a dedicação à ordem são materiais dos mais importantes com que se constrói a cidadela da consciência tranquila.
À frente de semelhante verdade, não temas a ventanias das paixões desencadeadas, quando as tempestades da renovação agitam a Terra.
Conserva a calma e confia no Poder Maior que te insuflou a força da vida. Calma, no entanto, não significa inércia. Define o estado íntimo de quem se prepara, a fim de fazer o melhor, sejam quais forem as circunstâncias.
Ora trabalhando e espera construindo.
E, convençamo-nos todos, em todas as eventualidades, de que o abrigo invulnerável está sempre em nós mesmos, quando aceitamos a responsabilidade de viver com base na justiça e na misericórdia de Deus.

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