ESTUDOS DOS EVANGELHOS À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA [PASTORINO-KARDEC] OS PRIMEIROS DISCÍPULOS DE JESUS - O CRISTO CÓSMICO

ESTUDOS DOS EVANGELHOS À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
[PASTORINO-KARDEC]
OS PRIMEIROS DISCÍPULOS DE JESUS - O CRISTO CÓSMICO

Luc. 3:23
23. Ora, o mesmo Jesus, ao começar seu ministério, tinha cerca de trinta anos.

João, 1 :35-42
35. No dia seguinte João estava outra vez com dois de seus discípulos; 36. e, olhando para Jesus que passava., disse: “eis ali o Cordeiro de Deus”;37. Ouvindo-o dizer isto, os dois discípulos seguiram a Jesus; 38. Voltando-se Jesus e vendo-os a seguí-lo, perguntou-lhes: “Que buscais”? Disseram-lhe: “Rabbi (que quer dizer Mestre) onde moras”?; 39. Respondeu ele: “Vinde e vereis”. Foram, pois, e viram onde morava, e ficaram aquele dia com ele; era mais ou menos a hora décima; 40. André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João falar e que seguiram a Jesus; 41. Ele procurou ao alvorecer seu irmão Simão e lhe disse: “encontramos o Messias” (que quer dizer Cristo); 42. E o levou a Jesus. Olhando para ele, disse Jesus: “Tu és Simão, o filho de Jonas: tu serás chamado Cefas (que significa Pedro).

A exigência dos trinta anos para início da vida pública, baseava-se também num simbolismo numerológico: a completação do desenvolvimento da personalidade (3 X 10), embora se houvesse já de há muito esquecido a razão que havia feito escolher essa idade. Aqui observamos o fato de um mestre indicar a seus discípulos (talvez os melhores que possuía) o caminho de outro mestre: completa ausência de ciúmes! Mas verificamos que é a personalidade (o intelecto iluminado, João) que compreende que, quando o discípulo chegou a determinado grau evolutivo, tem que ser entregue à individualidade (Jesus) para que continue o aprendizado.
Os discípulos percebem a insinuação da personalidade (João) e seu desprendimento, e voltam-se, sem titubear, para a individualidade (Jesus) perguntando-lhe: Onde moras? A sede da personalidade, eles bem o sabem, é o intelecto. Também sabem que, para ter esse desprendimento sem ciúme e sem vaidade, o intelecto já está iluminado, esclarecido nas grandes verdades. Dirigem-se pois à individualidade e lhe perguntam onde mora, porque ainda ignoram qual a sede desse novo plano. A resposta não poderia jamais ser o nome de uma rua nem o número de uma casa (observamos que os Evangelhos jamais disseram onde Jesus residia) porque a individualidade não tem sede no mundo físico. Daí poder Jesus dizer: as raposas têm seus covis e os pássaros seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça (Mat. 8:20). No mundo físico só a personalidade é situada e tem casa. Então a resposta de Jesus é perfeita: vinde e vede, isto é, aproximai-vos de mim (individualidade) e vereis qual meu pouso: o Espírito. E os discípulos foram e viram sua elevação espiritual; penetraram no coração e descobriram o  Espírito e ali permaneceram, em meditação, todo aquele dia.
Era mais ou menos a hora décima[16:00 horas]. Essa anotação numerológica não se refere aos novos discípulos, mas a Jesus, à individualidade. Os nove primeiros arcanos referem-se ao desenvolvimento do homem interno. O décimo exprime o início da atividade exterior. Não foi para ele mesmo que o evoluído viveu as etapas do Conhecimento Profundo e triunfou de uma série de provações. Uma vez atingido o ápice e superadas as tentações, ele precisa aplicar seu saber e sua experiência, levando outros pelo mesmo caminho. A anotação do evangelista, pois, tem todo o cabimento, no momento exato em que Jesus (a individualidade) recebe e aceita os primeiros discípulos, a fim de aplicar seus conhecimentos: para ele, soara a décima hora.
A  João interessava assinalar quais os discípulos que seguiram Jesus. Cita-lhes os nomes. O primeiro, André, representa exatamente o HOMEM; o segundo, que era ele mesmo, é omitido; o terceiro, ao despontar da aurora do outro dia, é Simão (nome que significa: YHWH ouviu, da raiz shama). Mas Jesus lhe muda o nome para Pedro, como representante daqueles que interpretam as Escrituras à letra, levados pela emoção. Ele adere de imediato à individualidade, embora, por falta de intelectualismo e do domínio das emoções, tenha de passar por muitas provas, nem sempre saindo vencedor. No entanto, em vista do desenvolvimento emocional, é escolhido para dirigir o Colégio Apostólico, que está fixado no Raio da Devoção, dirigido por Jesus. O nome com que Jesus é apresentado corresponde exatamente à realidade: o CRISTO INTERNO, a parte espiritual impregnada da Divindade, ou CRISTO CÓSMICO, da qual a parte material é apenas a contraparte, a condensação ou materialização, dando origem à personalidade visível no plano físico e transitório na dimensão tempo e espaço.

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