PERMANECER COM JESUS E KARDEC - Francisco Cândido Xavier

PERMANECER COM JESUS E KARDEC - Francisco Cândido Xavier

Diz o Chico Xavier a um conjunto de amigos: "Lembro-me de que, num dos primeiros contatos comigo, Emmanuel me preveniu de que pretendia trabalhar ao meu lado por longo tempo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec. E disse mais. Que se um dia ele, Emmanuel, me aconselhasse algo que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e Kardec, eu devia permanecer com Jesus e Kardec e procurar esquecê-lo.
Nota – Emmanuel viveu em Roma, no tempo de Jesus, tendo sido o senador Publius Lentulus. Teve posteriormente várias encarnações. Numa delas foi o padre Manuel da Nóbrega e, juntamente com Anchieta, fundou a cidade de São Paulo. A essa encarnação, refere-se a mensagem de Cneius Lucius que publicamos. 

EMMANUEL E NÓBREGA •  Cneius Lucius

Amparado pelo apóstolo dos gentios, conseguiu Publius Lentulus transitar nas avenidas escuras da carne, em existências várias, até encontrar uma posição em que pudesse servir ao Divino Mestre com o valor e o heroísmo daquela que lhe fora companheira no início da Era Cristã. E assim temos em Manuel da Nóbrega o homem de raciocínio elevado, entregue a si mesmo em plena selva, onde tudo estava por fazer.
Noutro tempo, os livros prontos e as tribunas construídas, os direitos de família pré-estabelicidos e o dinheiro fácil, a sociedade constituída e o pedestal do poder para brilhar. Aqui, porém, eram a improvisação necessária e o deserto, as inibições do corpo deficiente que lhe apagavam a voz de tribuno, a insolência do selvagem recordando as feras do circo, à frente do qual devia imolar-se, consumindo as próprias forças para dar-lhe uma vida nova.
Surgiram ainda a devassidão e o crime, a ignorância e a audácia, os perigos mil que o hábil político transformado em missionário deveria vencer, exibindo não mais a toga do poder e as armas de seus guardas pessoais, e sim o sinal da cruz, sem mais ninguém que não fosse a sua pertinácia nos compromissos assumidos.
Entretanto, superou os óbices de toda espécie, lutou, sofreu e venceu, esculpindo com os poderes da ideia cristianizada um povo diferente e um novo mundo dentro do mundo.
Nóbrega podia ter vivido isolado no seu tempo. Contudo, desde cedo se agregaram a ele multidões de amigos, exaustos de mando, de poder e dominação. E a teia dos destinos vai convertendo em trabalho para a coletividade tudo o que era cristalização do eu, em luz tudo quanto era sombra, em liberdade espiritual o que era cárcere físico.
Da rocha surge o diamante, no curso dos milênios. Também a luz divina fluirá de nós um dia, quando a escória estiver abandonada no carvão que servirá de berço a outros diamantes no curso longo e paciente das eras.
O serviço do nosso amigo está longe de acabar. É preciso criar espírito para o gigante – costuma ele dizer. O gigante é a terra em que hoje nos situamos e o espírito é a luz com que devemos continuar erguendo os padrões de fraternidade mais alta e de mais avançado serviço com Jesus, no Brasil todo.
Prossigamos marchando à frente! Anos e dias correrão. Estejamos certos da brevidade de tudo o que se movimenta sobre a terra, para agirmos com segurança e paciência. Para construir é preciso lutar. E para colher é indispensável haver semeado.

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