A MEDIDA CERTA • J. Herculano Pires (Irmão Saulo)

A MEDIDA CERTA • J. Herculano Pires (Irmão Saulo)
[NÃO JULGUEIS PARA NÃO SERDES JULGADOS! NÃO ATIREIS A PRIMEIRA PEDRA! AQUELE QUE COM FERRO FERE, COM O MESMO FERRO SERÁ FERIDO, NESTA ROMAGEM TERRESTRE OU NOUTRA! CUIDADO COM AS PALAVRAS! ELAS FEREM MAIS DO QUE AS ESPADAS MAIS AFIADAS! TENDE SEMPRE COMPAIXÃO E TOLERÂNCIA COM AS IMPERFEIÇÕES DE NOSSOS IRMÃOS. NÓS TAMBÉM SOMOS IMPERFEITOS! DOBREMOS SEMPRE NOSSO JOELHO DIANTE DO PAI QUE SEMPRE ESTARÁ CONOSCO NOS MOMENTOS MAIS DIFÍCEIS DE NOSSA VIDA - Walter de Carvalho]
Medimos, medimos sempre. Carregamos em nossa mente a fita métrica do juízo. Se nos apresentam alguém, imediatamente medimos esse alguém da cabeça aos pés. Mas nunca nos interessamos por verificar se o nosso instrumento de mensuração está certo, se não se alterou com o tempo e o uso. Deus nos deu o juízo como reflexo da sua divina justiça, pois nos fez à sua imagem e semelhança, não no corpo, mas no espírito. E por isso nos deu também a compaixão, que é o reflexo da sua divina misericórdia. A nossa imperfeição nos leva a carregar na justiça e esquecer a misericórdia que em Deus se equilibram.
Em 1862, na cidade de Bordeaux, na França, o espírito protetor Michel deu uma comunicação sobre a piedade, que figura no capítulo XIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Essa mensagem começa assim: “A piedade é a virtude que mais nos aproxima dos anjos. É a irmã da caridade que nos conduz para Deus.” Piedade e compaixão são sinônimas. O espiritismo nos ensina que evoluímos em direção a Deus, mas que entre a condição humana e Deus existe a fase angélica pela qual teremos de passar. Ninguém se elevará espiritualmente usando apenas a fita métrica do juízo.
A medida certa que podemos aplicar aos outros é o juízo regulado pela piedade, como Emmanuel volta a ensinar-nos, mais de cem anos depois da comunicação de Michel. A violência dos tempos antigos que nivelou povos bárbaros e civilizados pelo mesmo padrão de animalidade, como a violência do nosso tempo em que os resquícios do passado repontam ameaçadores, servem para mostrar-nos como é difícil o aprendizado na Escola da Terra.
Alunos renitentes, voltando sempre às mesmas classes, através da reencarnação, ainda não aprendemos a cartilha do Evangelho. A revelação espírita nos socorre neste momento com seus novos métodos de ensino, procurando franquear-nos a porta das promoções necessárias.
Já é tempo de pensarmos nas lições de humanidade que Jesus nos deu através de palavras e exemplos. A Terra está em fase de transição para um mundo melhor. Nossas provas atuais são provas finais. Se não passarmos no exame, esmagados ao peso do egoísmo animal, seremos transferidos para outras escolas, a fim de reiniciarmos os estudos.
Artigo publicado originalmente na coluna dominical "Chico Xavier pede licença" do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970.

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