AS LEIS DA CONSCIÊNCIA • J. Herculano Pires (Irmão Saulo)


AS LEIS DA CONSCIÊNCIA •  J. Herculano Pires (Irmão Saulo)

A resposta de Emmanuel [sobre as desencarnações coletivas] vem do plano espiritual e acentua o aspecto terreno da autopunição dos encarnados, em virtude de um fator psicológico: o das leis da consciência. Obedecendo a essas leis, as vítimas de mortes coletivas aparecem como as mais severas julgadoras de si mesmas. São almas que se punem a si próprias em virtude de haverem crescido em amor e trazerem consigo a justiça imanente. Se no passado erraram, agora surgem como heroínas do amor no sacrifício reparador.
As leis da Justiça Divina estão escritas na consciência humana. Caim matou Abel por inveja e a sua própria consciência o acusou do crime. Ele não teve a coragem heroica de pedir a reparação equivalente, mas "Deus o marcou e o puniu". Faltava-lhe crescer em amor para punir-se a si mesmo. O símbolo bíblico nos revela a mecânica da autopunição cumprindo-se compulsoriamente. Mas, nas almas evoluídas, a compulsão é substituída pela compaixão.

Para a boa compreensão desse problema precisamos de uma visão clara do processo evolutivo do homem. Como selvagem ele ainda se sujeita mais aos instintos do que à consciência. Por isso não é inteiramente responsável pelos seus atos. Como civilizado ele se investe do livre-arbítrio que o torna responsável. Mas o amor ainda não o ilumina com a devida intensidade. As civilizações antigas (como o demonstra a própria Bíblia) são cenários de apavorantes crimes coletivos, porque o homem amava mais a si mesmo do que aos semelhantes e a Deus. Nas civilizações modernas, tocadas pela luz do cristianismo, os processos de autopunição se intensificam.

O suicídio de Judas é o exemplo da autopunição determinada por uma consciência evoluída. O que ocorreu com Judas em vida, ocorre com as almas desencarnadas que enfrentam os erros do passado na vida espiritual. Para encontrar o alívio da consciência elas sentem a necessidade (determinada pela compaixão) de passar pelo sacrifício que impuseram aos outros. Mas o que é esse sacrifício passageiro, diante da eternidade do espírito? A Misericórdia Divina se manifesta na reabilitação da alma após o sacrifício, para que possa atingir a felicidade suprema na qualidade de herdeira de Deus e co-herdeira de Cristo, segundo a expressão do apóstolo Paulo.

Encarando a vida sem a compreensão das leis da consciência e do processo da reencarnação, não poderemos explicar a Justiça de Deus – principalmente nos casos brutais de mortes coletivas[qual foi o caso do incêndio no Circo em Niterói, do Edifício Joelma em São paulo e o mais recente da Boate Kiss em Santa Maria, tsunamis como o mais recente no Japão, quedas de avião, desastres coletivos em ônibus, casos como os desabamentos em Angra do Reis e Petrópolis e do Morro do Bumba em Niterói, cheias calamitosas altamente destruidoras, ativações de vulcões, dentre  outras desencarnações coletivas que existem desde antes de Cristo como o  caso de Pompéia e outras. Notas atuais de Walter de Carvalho]. Os que  assim perecem estão sofrendo a autopunição  de que suas próprias  consciências sentiram necessidade na vida espiritual. A  diferença entre  esses casos e o de Judas é que essas vítimas não são  suicidas, mas  criaturas submetidas à lei de ação e reação[a seu próprio pedido].

Judas apressou o efeito da lei ao invés de enfrentar o remorso na vida terrena. Tornou-se um suicida e aumentou assim a sua própria responsabilidade, rebelando-se contra a Justiça Divina e tentando escapar a ela.

Artigo publicado originalmente na coluna dominical "Chico Xavier pede licença" do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970.





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