O TÚNEL MEDIÚNICO • J. Herculano Pires (Irmão Saulo)

O TÚNEL MEDIÚNICO • J. Herculano Pires (Irmão Saulo)

Na hora em que a descoberta da antimatéria pela física levanta a hipótese dos universos duplos, cientificamente elaborada, a imagem do túnel mediúnico reveste-se de maior expressão. Essa imagem é também uma elaboração científica, e por sinal do eminente físico inglês Sir Oliver Lodge, que sustentou o seguinte: vivemos num mundo só, num verdadeiro Universo, mas que deve ser compreendido como Uni-verso, dividido em duas partes. De um lado fica a planície dos homens e do outro o planalto dos espíritos. Dividindo as duas regiões ergue-se a montanha desconhecida.
A curiosidade humana é imensa e desde todos os tempos os homens vêm cavando e perfurando a base da montanha, no anseio de ver o que existe do outro lado. Pouco a pouco um túnel foi sendo aberto. E de súbito os homens começaram a ouvir pancadas surdas que vinham ao seu encontro. São os moradores do planalto que, impelidos pela mesma curiosidade, perfuram também o seu túnel. Dia a dia as pancadas se tornam mais audíveis de lado a lado. As duas equipes se aproximam e chegamos no momento em que a abertura do túnel se torna iminente.

Essa imagem encontra o referendo atual da hipótese físico-astronômica dos Universos duplos. Isaac Asimov, em seu livro O Universo, considerando que as partículas de antimatéria produzidas em laboratório explodem ao encontrar-se com partículas correspondentes de matéria, numa explosão dupla, em que as duas se desintegram, propõe a existência de um elemento intermediário que ao mesmo tempo separa e liga os dois Universos. Esse elemento corresponde à teoria do fluido universal no espiritismo, tendo as mesmas características genéticas, dinâmicas e funcionais desse fluido.

Por outro lado, essas características são as mesmas do perispírito, elemento procedente do fluido universal e que serve de ligação entre o espírito e o corpo, na constituição psicossomática do homem. E é graças a esse elemento intermediário que ocorrem os fenômenos mediúnicos, permitindo a comunicação dos espíritos através de pessoas especialmente sensíveis, como no caso de Francisco Cândido Xavier. O túnel mediúnico se abre, assim, pelo duplo esforço dos médiuns e dos espíritos, no anseio recíproco de vencerem a morte e a separação, para atingirem a era cósmica da comunicação transespacial e transtemporal.

Nesse irrefreável e surdo processo, que se desenvolve nas profundezas do próprio homem, à revelia da sua cultura sensorial e portanto exterior, os espíritos se mostram mais interessados no desenvolvimento moral da humanidade terrena. Isso porque a evolução intelectual do homem já o capacita para a integração na humanidade cósmica, que povoa os Universos duplos pelo infinito. Essa a razão por que Chico Xavier, que psicografou mais de 450 livros e milhares de cartas e comunicações diversas, no seu trabalho psicográfico – excursionando várias vezes pelo campo das ciências – recebe maior quantidade de comunicações de natureza filosófica e moral.

Artigo publicado originalmente na coluna dominical "Chico Xavier pede licença" do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970.

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