SUCESSÃO DAS COISAS E DOS SERES J. Herculano Pires (Irmão Saulo)

SUCESSÃO DAS COISAS E DOS SERES J. Herculano Pires (Irmão Saulo) 

O trabalho é o propulsor da evolução. Tudo trabalha, diz Emmanuel. Em O livro dos espíritos encontramos a lei do trabalho que mereceu um capítulo especial, e a tese é a mesma dessa sua mensagem.
Em correlação com a doutrina espírita podemos encontrar várias teorias filosóficas. Lembremos-nos de Bergson e a teoria do elã vital. A vida, infiltrando-se na matéria, dominando-a e criando as coisas e os seres. Mas lembremo-nos, também, de Dewey e a sua teoria da experiência universal. Tudo é experiência, pois há um princípio vital em todas as coisas da natureza. A própria dialética de Hegel e sua derivação materialista correspondem à teoria espírita do trabalho universal.

Quando Emmanuel estabelece relações entre a semente, a roseira, a fonte, o metal e o animal, não está fazendo apenas comparações ou figuras, mas ilustrando com os exemplos naturais o princípio espírita da evolução. Na pergunta 540 de O livro dos espíritos encontramos, na resposta dada pelos espíritos, esta afirmação eloquente: “Tudo se encadeia na natureza, desde o átomo até o arcanjo, que também já foi átomo.” E Léon Denis ensinou: “A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem.”

Alguns espíritas não aceitam o conceito de evolução em toda a sua amplitude e procuram por várias formas modificá-lo. Emmanuel nos traz, porém, constantemente, através de suas mensagens, oportunos esclarecimentos a respeito. Somos ainda muito pequeninos para abarcar em nossa visão mental toda a concepção espírita do Universo.

Note-se o tópico da mensagem em questão no qual ele nos coloca em ascensão da condição humana para a angelitude, mas não se esquece de advertir que “os outros elementos da natureza se encontram, ainda, infinitamente distantes da condição humana”. E é precisamente por causa dessa relação constante das coisas e dos seres que podemos comparar a luta do homem para a transcendência com a luta da semente para germinar.

É tão legítima essa comparação, e ao mesmo tempo tão elucidativa, que o próprio Cristo a usou na pregação da boa nova, como vemos na Parábola do Semeador. Somos sementes espirituais, sem dúvida. E como as sementes materiais, temos de trabalhar no seio da matéria para que o plano divino, encerrado em nós, se atualize na germinação e desenvolvimento do nosso espírito.

Artigo publicado originalmente na coluna dominical "Chico Xavier pede licença" do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970.

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