O FILHO DE DEUS

O FILHO DE DEUS •  J. Herculano Pires (Irmão Saulo)

A explicação de Chico Xavier vale por uma definição da posição espírita ante o problema do Cristo. O chamado “dogma de Cristo” é uma criação da teologia cristã, mas não dos Evangelhos, onde a posição de Jesus é bem clara, considerando-se ele mesmo como filho de Deus e nosso irmão, pois também se chamava a si próprio de filho do homem. O Natal de Jesus, portanto, não é o Natal de Deus. A visão mediúnica do Cosmos, descrita por Chico Xavier, dá-nos a ideia grandiosa do Criador através de sua obra.
A posição espírita no assunto é considerada herética pelas religiões cristãs, que chegam mesmo a negar ao espiritismo a sua natureza cristã. Com mais razão, com mais lógica, os espiritistas consideram herética a doutrina que faz de Jesus a encarnação de Deus. Mas nem por isso os espiritistas deixam de participar das comemorações do Natal, que consideram como o dia da fraternidade humana por excelência, traduzida em caridade afetiva na assistência aos necessitados. Assim, o princípio do amor supera as divergências teológicas, unindo todos os cristãos na adoração espiritual do Cristo e no cumprimento da sua lei única: a de amarmos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
O fundamento do Universo é uma lei única: a lei do amor. Dela derivam todas as leis conhecidas e desconhecidas. Deus é amor, definiu João no seu Evangelho. E Jesus resumiu toda a lei e os profetas na lei áurea do amor. É o poder do amor que faz as galáxias girarem no infinito e as constelações atômicas girarem no finito.
Artigo publicado originalmente na coluna dominical "Chico Xavier pede licença"  do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970.

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