VENCENDO O TÓXICO - Francisco Cândido Xavier

VENCENDO O TÓXICO •  Francisco Cândido Xavier

LEIAM COM ATENÇÃO A CARTA DESTE PAI PSICOGRAFADA POR CHICO EM 1970 E ENVIADA AO HERCULANO PIRES PARA PUBLICAÇÃO. QUANTAS FAMÍLIAS VIVEM ESSE DRAMA NA ATUALIDADE. ESPERO QUE ASSIMILEM E LHES SIRVA DE EXEMPLO! DECIDI COMPARTILHAR COM VOCÊS MEUS AMIGOS! ORIENTEM QUEM PRECISAR DESTES ENSINAMENTOS  E QUE O AMOR VENÇA, SEMPRE!Escreveu o Chico:

Envio-lhe a mensagem recebida numa ligeira reunião de preces, formada com quatro amigos procedentes de cidade distante. Três deles acompanhavam um rapaz que enveredara nos tóxicos. Com ele completávamos um grupo de cinco pessoas. O jovem de vinte e dois anos de idade pediu para orarmos juntos, buscando a força de que se sentia necessitado para esquecer os euforizantes.
Depois da prece, o amigo espiritual que lhe fora pai na Terra compareceu em nosso ambiente e escreveu ao filho a carta que vai anexa. O rapaz reconheceu a presença paterna, chorou comovido e levou consigo a mensagem no original. Alguns meses depois voltou ele com dois dos amigos que o trouxeram ao nosso convívio pessoal. Mostrou-se plenamente refeito, corajoso para a vida. E, ao declarar-se reconduzido aos estudos que havia abandonado, entregou-me uma cópia da carta paterna por nós psicografada.
Os amigos que o seguiam sugeriram-me enviar essa página às suas mãos, para a divulgação com nossos estudos conjuntos. O rapaz também aceitou a ideia, solicitando apenas que o nome do genitor seja colocado em iniciais, por motivos de respeito filial. 

CARTA DE PAI •  J. R.

Meu filho,
Compreendemos, sim.
Atiramos-te à luta, sem considerar-te a mentalidade em reformulação.
Quantas vezes tua mãe e eu te entregamos a mãos mercenárias e quase sempre irresponsáveis, quando despontavas do berço, à vista dos imperativos de relacionamento social! Noutras ocasiões, assim procedíamos de modo a desfrutarmos sozinhos as horas feriadas que nos surgissem, a título de refazimento ou distração. E, em regressando a casa, nunca te perguntamos pelo que viste ou ouviste, a fim de estabelecermos contigo um diálogo adequado para que se te pacificasse o espírito inquieto à frente da vida.
Enviamos-te à escola, no entanto, para falar a verdade, não expressávamos interesse permanente por teu currículo de lições. E quando nos apresentavas certos assuntos colhidos involuntariamente à margem do ensino, frequentemente dávamos de ombros, julgando-te a conversação demasiado infantil, afastando-nos sob pretexto de serviço urgente.
Largamos-te às impressões alheias, nem sempre as mais construtivas, de maneira a nos encasularmos no ócio doméstico.
Quiseste associar-nos às tuas companhias e leituras, caminhadas e afetos, mas, via de regra, recusamos-te o convite, com a desculpa de fazer dinheiro ou mobilizar providências para sustentar-te, qual se fosses um peso em nossa economia ao invés de abençoada luz do nosso amor. Distanciamo-nos de ti e deixamos-te a sós, impensadamente, é verdade.
Achávamos-nos como que anestesiados pela obsessão de ganho para excessivo conforto, incapazes de oferecer-te cobertura nos domínios do coração. A morte, entretanto, apareceu quando nem havíamos começado a pensar convenientemente na vida, a transferir-nos de plano, e hoje te vemos em perigo, espiritualmente desprotegido, cansado, desiludido, enredado em desequilíbrio e doença.
Somente agora reconhecemos o quanto te amamos, unicamente agora notamos que não teremos futuro sem ti. E porque nada conseguimos realizar de bom sem amor, ante a necessidade de nossa reintegração nos interesses e aspirações uns dos outros, abeiramo-nos com humildade do caminho em que segues hoje, tão longe de nós, para dizer-te simplesmente:
– Considera o nosso engano e perdoa-nos, meu filho!...

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