O PALÁCIO MARAVILHOSO
“Cada um é
responsável pela destinação que der à riqueza que lhe for
confiada, seja ela representada por recursos materiais ou por
aptidões profissionais. Cada qual, pelo uso de seus próprios
talentos, é capaz de alterar o mundo, distribuindo alegrias ou
acumulando dores.”
LEIAM COM ATENÇÃO E
MUDEM SUAS ATITUDES PERANTE O PRÓXIMO! DISTRIBUAM ALEGRIA! NÃO
ACUMULEM DORES! A MAIOR GRATIDÃO É FAZER OS OUTROS FELIZES! FAÇA
O JARDIM DE SUA VIDA FLORIR! PRATIQUE SEM RECEITO A BONDADE! DEUS OS
ABENÇOARÁ [Walter de Carvalho]
Conta-se que certa
vez, um rei do Iêmen, chamado Hiamir, chamou um dos seu ministros e
disse-lhe: "quero fazer longa viagem à Tiapur, uma região
longínqua, pobre e triste, árida e sem conforto. Determino que vá
antes de mim, e logo que lá chegar, mande que seja construído um
magnífico palácio, com largas varandas de marfins e pátios
floridos. Nesse palácio ficarei hospedado durante uma temporada, com
tranqüilidade e conforto." O Vizir respondeu humildemente:
"escuto e obedeço, ó rei."
Dias depois o Vizir partiu,
em uma caravana com numerosos camelos carregados de ouro. Ao chegar à
cidade o Vizir ficou desolado com o estado de abandono em que se
achava o povo. Encontrou pelas estradas crianças famintas e centenas
de infelizes, morrendo de inanição. Os quadros de miséria e
sofrimento que se desenrolavam, a cada passo e a todo instante,
torturavam o coração do poderoso ministro. Ele trouxera mais de
trinta mil dinares, que deveriam ser gastos na construção de um
grandioso palácio! Que fez o Vizir?
Levado por um impulso
irresistível, em vez de executar a ordem do rei, resolveu gastar o
dinheiro que trazia, beneficiando a infeliz população. Mandou
construir abrigos para os desamparados. Distribuiu mantimentos entre
os mais necessitados. Determinou que todos os enfermos fossem, sem
demora, medicados e forneceu pão aos que padeciam fome.
Ao fim de
alguns meses, notava-se uma transformação completa da cidade. Os
homens haviam voltado ao trabalho e por toda a parte reinava a
alegria. As crianças brincavam nos pátios e as mulheres cantavam
nas portas das tendas. E do palácio maravilhoso, encomendado pelo
rei, nada existia... Quando o rei Hiamir chegou a Tiapur foi recebido
por uma grande manifestação de júbilo da população. "Sinto-me
feliz" - confessou o monarca - "por saber que sou
sinceramente estimado pelos meus súditos.
Mas onde está o
palácio de Tiapur?" Perguntou. "Antes de falar do palácio,
ó rei, tenho um pedido a lhe fazer." Disse-lhe o Vizir.
"Segundo as leis, aquele que o desobedecer, praticando um abuso
de confiança, deve ser condenado à morte. Pois, houve, ó rei, um
homem de sua confiança que praticou tal delito. Espera-se que seja
determinada a execução do culpado sem demora." Disse o Vizir
serenamente. "Quem é o acusado?" Questionou o rei. "O
criminoso sou eu." Disse o Vizir sem hesitar.
E sem ocultar a
menor parcela da verdade, o Vizir descreveu a miséria em que se
encontrava o povo. Por fim, confessou que, penalizado diante de tanto
sofrimento, em vez de construir o palácio real, resolveu gastar os
recursos que lhe foram confiados para mudar a triste sorte da
população. "Não cumpri a ordem recebida, por isso aguardo o
castigo de que me fiz merecedor." Concluiu.
"Levante-se,
meu amigo." Ordenou emocionado o rei. "Vejo que seu
trabalho é responsável pela edificação do mais belo dos palácios
que já conheci. Vejo as torres cintilantes nas fisionomias alegres
das crianças; admiro as largas varandas de marfim no sorriso
radiante dos meus súditos; reconheço os pátios floridos no olhar
de gratidão das mães felizes. Como é majestoso e belo, ó Vizir, o
palácio que a sua bondade fez se erguer nas terras de
Tiapur."
Equipe de Redação do Momento Espírita, com
base nas pp. 109-114, do livro os Melhores contos, de Malba Tahan,
ed. Record, 2002.
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