DOR: LEI DE EQUILÍBRIO

Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires
Edição 64 | Dezembro de 2011

DOR: LEI DE EQUILÍBRIO • J. Herculano Pires (Irmão Saulo)

É fácil dizer que esse episódio decorre de sugestão. Chico Xavier acredita na reencarnação, impressionou-se com a paralítica e inconscientemente procurou explicar o caso. Na sessão espírita, caiu em transe e, do seu inconsciente, aflorou através da escrita automática o soneto e sua dedicatória. Se perguntarmos como explicar a abertura do Evangelho na página aplicável ao caso, é fácil apelar para a influência do meio, mas toda esta explicação não passaria de um arranjo hipotético, sem qualquer prova objetiva. Simples fabulação pseudocientífica.
Na doutrina espírita não há fabulações dessa espécie. Há fatos e comprovações: a mediunidade estudada e experimentada desde Kardec até hoje, comprovando a sua realidade através de resultados positivos, além das comprovações vindas da própria área científica materialista, através das pesquisas metapsíquicas e parapsicológicas; a reencarnação submetida ao mesmo processo; a psicografia analisada em seus dois aspectos, o anímico (escrita automática) e o espirítico (escrita psíquica de autores espirituais identificados rigorosamente). Além disso, a convergência diária e universal das provas em todo o mundo.

Onde entra o poeta Epifânio Leite na fabulação inconsciente? Como e por que surgiu na memória subliminar de Chico Xavier? E como essa imagem fantasiosa conseguiu imitar o estilo do poeta? Sabemos que Epifânio Leite é quase totalmente desconhecido e que o médium não é nenhum especialista em poesia e história literária. Confrontando esse episódio com muitos outros da bibliografia espírita e das ciências psíquicas, não temos razão para duvidar da sua veracidade. A hipótese espírita se confirma no testemunho universal dos fatos. Legitima-se cientificamente através de estudos e pesquisas – espíritas e não espíritas – no correr de mais de um século.

Léon Denis definiu a dor como “uma lei de equilíbrio e educação”. Vemos nesse episódio a ação dessa lei através de quatro séculos. E não vemos Deus castigando a ex-soberana, mas ela mesma se submetendo à lei de equilíbrio para alcançar, por meio da dor, a compreensão e o sentimento de humanidade que lhe faltaram no passado. 

Artigo publicado originalmente na coluna dominical "Chico Xavier pede licença"  do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970.

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