À ESPERA DE UM AMIGO • Francisco Cândido Xavier - III

À ESPERA DE UM AMIGO •  Francisco Cândido Xavier - III

CID E O SAMARITANO •  J. Herculano Pires (Irmão Saulo)

O original psicográfico do poema de Cid Franco foi examinado atentamente por alguns de seus amigos íntimos, por sua viúva, d. Alice Rosciano Franco e por seu filho Walter Franco, o famoso compositor jovem de músicas renovadoras. A letra do texto difere da caligrafia habitual da psicografia de Chico Xavier, aproximando-se bastante da letra do autor espiritual, quando encarnado. A assinatura é indiscutível: sua semelhança com a assinatura do homem confirma a legitimidade do espírito e a autenticidade de sua manifestação.
Chico Xavier, como se vê no seu relato, não conhecia suficientemente a obra poética de Cid Franco e teve receio de que os amigos do saudoso poeta e radialista não aceitassem as suas trovas. Mas a sua convicção da legitimidade da mensagem e as afirmações do espírito, de que seria reconhecido, o encorajaram a enviar-nos o poema.
Como observou Walter Franco, tudo nesse poema atesta a presença de seu pai: a caligrafia, a assinatura, a pureza das quadras, a escolha das palavras e o cuidado em evitar o lugar comum, a temática do amor universal e da fraternidade humana.
Acrescentaremos a tudo isso uma das características de toda a poética de Cid Franco: o predomínio da razão e do intencional sobre a emoção. E chamamos a atenção do leitor para a finura dessa concepção poética, onde Cid se coloca no lugar do bom samaritano para mostrar-nos que o outro – o judeu assaltado na estrada – pode ser a pessoa mais querida e íntima ou mais detestada e distante, mas será sempre alguém que nos submete à prova da nossa evolução moral.
Entre os vários livros de poemas que Cid Franco publicou, existe um que Chico Xavier desconhece: Trovas para o meu Senhor, lançado pela Livraria Martins, em São Paulo, no ano de 1967, quatro anos antes do seu passamento para a vida espiritual. Mas há outras quadras em livros publicados anteriormente, como se pode verificar em Poemas, editado pela Brasiliense, em 1947.
Como se vê, é este um dos mais recentes e dos mais belos episódios mediúnicos da vasta obra de psicografia literária de Chico Xavier. 
Artigo publicado originalmente na coluna dominical "Chico Xavier pede licença"  do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970.

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