SOLIDÃO APARENTE

SOLIDÃO APARENTE ---- continuação dos Lindos Casos
Em meados de 1932, o "Centro Espírita Luiz Gonzaga" estava reduzido a um quadro de cinco pessoas, José Hermínio 
Perácio, D. Carmen Pena Perácio, José Xavier, D. Geni Pena Xavier e o Chico.
Os doentes e obsidiados surgiram sempre, mas, logo depois das primeiras melhoras, desapareciam como encanto.
Pérácio e senhora, contudo, precisavam transferir-se para Belo Horizonte por impositivos da vida familiar.
O grupo ficou limitado a três companheiros.
D. Geni, porém, a esposa de José Xavier, adoeceu e a casa passou a contar apenas com os dois irmãos.
José, no entanto, era seleiro e, naquela ocasião, foi procurado por um credor que lhe vendia couros, credor esse que insistia em receber-lhe os serviços noturnos, numa oficina de arreios, em forma de pagamento.
Por isso, apesar de sua boa vontade, necessitava interromper a frequência ao grupo, pelo menos por alguns meses.
Vendo-se sozinho, o Médium também quis ausentar-se.
Mas, na primeira noite, em que se achou a sós no Centro, sem saber agir, Emmanuel apareceu-lhe e disse:----VOCÊ NÃO PODE AFASTAR-SE. PROSSIGAMOS EM SERVIÇO.
----Continuar como? Não temos frequentadores...
----E NÓS?---- disse o espírito amigo. ---- NÓS TAMBÉM PRECISAMOS OUVIR O EVANGELHO PARA REDUZIR NOSSOS ERROS. E, ALÉM DE NÓS, TEMOS AQUI NUMEROSOS DESENCARNADOS QUE PRECISAM DE ESCLARECIMENTO E CONSOLO. ABRA A REUNIÃO NA HORA REGULAR, ESTUDEMOS JUNTOS A LIÇÃO DO SENHOR, E NÃO ENCERRE A SESSÃO ANTES DE DUAS HORAS DE TRABALHO.
Foi assim que, por muitos meses, de 1932 a 1934, o Chico abria o pequeno salão  do Centro e fazia a prece de abertura, às oito da noite em ponto.
Em seguida, abria o "Evangelho Segundo o Espiritismo", ao acaso e lia essa ou aquela instrução, comentando-a em voz alta.
Por essa ocasião, a vidência nele alcançou maior lucidez.
Via e ouvia dezenas de almas desencarnadas e sofredoras que iam até o grupo, à procura de paz e refazimento.
Escutava-lhes as perguntas e dava-lhes respostas sob a inspiração direta de Emmanuel.
Para os outros, no entanto, orava, conversava e gesticulava sozinho...
E essas reuniões de um Médium a sós com os desencarnados, no Centro, de portas iluminadas e abertas, se repetiam todas as noites de segundas e sextas-feiras.
Walter de Carvalho - Extraído de: Gama, Ramiro, in, Lindos Casos de Chico Xavier, Núcleo Espírita Caminheiros do Bem - Editora LAKE, 1978. Pág. 65.

Comentários