BÍBLIA E EVANGELHO

VISÃO ESPÍRITA DA BÍBLIA - 02 por J. Herculano Pires
2 - BÍBLIA E EVANGELHO
A Bíblia (que o nome quer dizer simplesmente: O Livro) é na verdade uma biblioteca, reunindo os livros diversos da religião hebraica. Representa a codificação da primeira revelação do ciclo do Cristianismo. Livros escritos por vários autores estão nela colecionados, em número de 42 [escritores - tem ainda os copistas, os "saltos" das letras e palavras, e anotações nas páginas que depois foram incorporadas ao texto chamada interpolação: quando um leitor anotava, na entrelinha ou na margem, um comentário seu, e o copista, julgando-o um esquecimento do copista anterior, introduzia esse comentário como parte do texto]. Foram todos escritos em hebraico e aramaico e traduzidos mais tarde para o latim, por São Jerônimo, na conhecida Vulgata Latina, no século quinto da nossa era. As igrejas católicas e protestantes  reuniram a esse livro os Evangelhos de Jesus, dando a estes o nome geral de Novo Testamento. O Evangelho, como se costuma designar o Novo Testamento, não pertence de fato à Bíblia. É outro livro, escrito muito mais tarde, com a  reunião dos vários escritos sobre Jesus e seus ensinos. O Evangelho é a codificação da segunda revelação cristã. Traz uma nova mensagem, substituindo o deus-guerreiro da Bíblia pelo deus-amor do Sermão da Montanha. No Espiritismo não devemos confundir esses dois livros, mas devemos reconhecer a linha histórica e profética, a linhagem espiritual que os liga. São, portanto, dois livros distintos.
O Espiritismo
A antiga religião hebraica é geralmente conhecida como Mosaísmo, porque surgiu e se desenvolveu com Moisés. A nova religião dos Evangelhos é designada como Cristianismo, porque vem do ensino do Cristo. Mas, assim como nas páginas da Bíblia lado o advento do Cristo, também nas páginas do está anunciado o advento do Espírito de Verdade. Este advento se deu no século passado, com a  terceira e última revelação cristã, chamada revelação espírita. Cinco novos livros aparecem, então, escritos por Kardec, mas ditados, inspirados e Orientados pelo Espírito de Verdade  e outros Espíritos Superiores. Os cinco livros fundamentais do Espiritismo, que têm como  base O Livro dos Espíritos, representam a codificação da terceira revelação. Essa revelação se chama Espiritismo porque foi dada pelos Espíritos. Sua finalidade é esclarecer os ensinos anteriores, de acordo com a mentalidade moderna, já suficientemente arejada e evoluída para entender as alegorias e símbolos contidos na Bíblia e no Evangelho. Mas enganam-se os que pensam que a Codificação do Espiritismo contraria ou reforma o Evangelho.
NOTA: Já no século II escrevia Orígenes: "Presentemente é manifesto que grandes foram os desvios sofridos pelas cópias, quer pelo descuido de certos escribas, quer pela audácia perversa de diversos corretores, quer pelas adições ou supressões arbitrárias (Patrologia Grega, Migne, vol. 13, col. 1.293). Quanto mais se avançava no tempo, mais crescia o número de cópias e de variantes, aumentando sempre mais o desejo de possuir-se um texto fixo e autorizado. Chegávamos ao 4º século. Constantino estabeleceu que o Bispo de Roma devia ser o primaz da Cristandade. O Imperador Teodósio deu mão forte aos cristãos romanos, declarando o cristianismo religião do Estado, e firmando, desse modo a autoridade do Bispo de Roma. Ocupava o Bispado o então Papa Dâmaso (português de nascimento), devendo anotar-se que, naquela época, todos os Bispos eram denominados Papas. Desejando atender ao clamor geral, Dâmaso encarregou Jerônimo de estabelecer o TEXTO DEFINITIVO das Escrituras.
A tarefa era ingente, e Jerônimo tinha capacidade para desempenhá-la, pois conhecia bem o hebraico, o grego e o latim. Ele devia re-traduzir para o latim todas as Escrituras, já que as versões antigas (vetus latina) eram variadíssimas.[Walter de Carvalho, contextualizando Herculano Pires e Pastorino]

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