JESUS por Fénelon

JESUS por Fénelon
"Eu bem que lhes disse que teriam raios de luz!...Retomo, agora, minha pequena alegoria.
Há na Terra espíritos, que, com a aproximação da verdade e da luz, espantam-se e tremem, sentem que algo de feliz lhes acontece, mas eles não sabem, não compreendem ainda o que é...
São meus filhos de agora, os primeiros, aqueles a quem se responde que Jesus nasceu, mas que não sabem o que é Jesus!...
A essas crianças, ricas do lado material, felizes pelos gozos da vida, não seria necessário mostrar a criança divina nascendo e vivendo pobre, a fim de ensinar aos homens que a igualdade não é somente uma palavra?... Não seria preciso aproveitar a festa para lhes ensinar o dever, o grande dever da solidariedade e da fraternidade universal?...
Os segundos, minhas criancinhas pobres, não representam esses espíritos cujas faculdades aguçadas pela dor ouviram vibrar ao longe as palavras tão atraentes de felicidade e de liberdade, e procuram no futuro o supremo refúgio?... Àqueles que nada têm, que nada são, mas que sentem dentro de si as altas aspirações, e em torno deles a verdade. por que não mostraríamos Jesus, pobre como eles, abandonado como eles, porém, escoltado, no seu isolamento, pelas perfeições trazidas consigo, mas arrastando na sombra de sua pobreza, todas as riquezas, todas as consolações, todas as esperanças, todas as felicidades?...
Não se poderia mostrar-lhes Jesus, submetido à sua condição secundária, aceitando a prova com fé, e trazendo para todos os testados, sua doutrina de livre pensamento, de livre trabalho e de fraternidade?...
As terceiras crianças, queridos espíritas, são vocês; são vocês aos quais os velhos pais, representados por nós, trazem a árvore de Natal com todas as suas delícias. São vocês, iluminados pela verdade; são vocês, apóstolos, encarregados de propagar todas as irradiações, de partilhar todas as guloseimas, todas as alegrias; são vocês que nós acostumamos a ver e a pensar livremente; são vocês que nós encaminhamos suavemente, paternalmente, para essa vida espiritual, objeto de todos os seus desejos, e que é o prelúdio e, de alguma maneira, o estágio da liberdade completa.
Meus filhos, festejem o Natal, é o dia do nascimento do amor e da verdade, é o dia que libertou suas almas e lhes mostrou que o sofrimento é o caminho da felicidade! Em 24 de dezembro de 1874.
[Walter de Carvalho, contextualizando Fénelon, pelo Núcleo de Estudos François de Fénelon] com base em REFLEXOS DA VIDA ESPIRITUAL - W. Krell - Editora CELD
 

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